tag:blogger.com,1999:blog-20732118869588853512024-03-13T07:52:45.306-03:00Impertinênciasdo mundoImpertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.comBlogger221125tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-35002039674170448292011-02-17T22:11:00.001-02:002011-02-17T22:17:08.399-02:00Prezadas e prezados<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Faz um mês que não posto nada, que nem abro meu blog. Primeiro porque eu já não estava conseguindo manter o ritmo de duas ou três postagens semanais. E para mantê-lo ia escrevendo muita bobagem. Segundo porque estou à frente de um trabalho institucional importante e temi que minhas opiniões aqui expostas pudessem ser interpretadas como posições oficiais. Ainda tenho esta dúvida, tanto que até peço sugestões de como fazer para que uma coisa seja separada da outra.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Mas hoje, ao abrir o blog e ler os gentis comentários das prezadas e dos prezados amigos, balancei outra vez. Não quero sem mais nem menos cortar nossos laços virtuais! Por outro lado, terei de ser mais prudente e também menos assíduo. Conseguirei? Por enquanto, dou mais um tempo a este espaço, quer dizer, a mim mesmo e a nós.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Agradeço pelas novas pessoas que adicionaram seus nomes aos parceiros do blog, agradeço também aos que postaram comentários, especialmente ao Lúcio que fez uma tese sobre tema do meu interesse (Lúcio, tentei enviar uma mensagem a vc hoje, mas o endereço que deixou deve estar incorreto).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">De todas as coisas indizíveis a dizer de um mês ausente deste confessionário, me lembro de algumas que talvez possam interessar:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Dos filmes que vi, um deles me pareceu o melhor: <strong>Tetro</strong>, de Coppola. Acho que o poderoso diretor deixou sua obra definitiva. Um elogio à arte do cinema, à ópera, ao teatro (tetro= teatro?). Filmado na Argentina, tem cenas belíssimas da Patagônia. Coppola já pode morrer em paz.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Só garotos</strong>, de Patti Smith, é o meu livro desta estação quente paulistana. Foi Raquel quem me indicou. Demorei pra comprar, ressabiado. Achei que era bobagem, memórias piegas dos anos 60, melosidades pops. Tem um pouco disso, mas também tem coisa muito boa. Ainda sigo lendo... até uma opinião melhor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Prezados e prezadas, tenho de tocar nuns assuntos desagradáveis. Desde já peço desculpas porque elas são fora da ordem:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Andei lendo um cara, um filósofo, que anda desmonstando nossas verdades dos últimos trinta anos. Ia guardar segredo, mas não consigo por muito tempo. Ele se chama Domenico Losurdo, é um italiano que se mantém fiel ao marxismo e denuncia o lixo da filosofia pós-estruturalista que virou moda no ocidente. Li duas das suas obras, recentemente publicadas no Brasil. Dois catataus enormes: <strong>Stálin: a história de uma lenda negra</strong> e <strong>Nietzche: o aristocrata rebelde</strong>.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Queridas e queridos, Domenico não deixa pedra sobre pedra da filosofia neoliberal hoje em voga (desconfio que nos seus estertores). Mais não digo, nem posso dizer.</span> </div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-33506169004197917052011-01-12T23:08:00.004-02:002011-01-13T00:50:56.832-02:00O indizível<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Tanta coisa a dizer depois de tanto tempo. Tanta que se esfarela em nada. E a quem interessaria ouvir mais um som de experiência incomunicável? Haverá mesmo um alguém do outro lado desse imenso confessionário? E se houver, para que acrescentar mais palavrocas à ruidosa surdina virtual? Não será melhor calar, se recolher à surdez humana?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Mas tenho um blog em branco e à espera. Do quê, desconheço. Então perambulo nas pequenas memórias soterradas de um mês. A praia em chuva, o desfile de carros, gentes e cães na ecologia da virada de ano, a virose que afasta o sabor da salivada paella, o shopping, os laptops e celulares beira-mar, o shopping lotado da periferia interiorana, o shopping lotado da classe média provinciana, o shopping lotado dos manos paulistanos. </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O garoto que sem querer mija nas calças diante do lanche e da mãe furiosa. E o</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> terror do garoto com o brinquedo de plástico e o </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">hamburguer emborrachado. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Nem direi nada dos livros que me mataram impiedosamente um dia, outro dia, ontem e hoje. Não, não direi que eles me levaram bem longe da vida esfuziante dos fantasmas. Direi somente que,</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> na falta de alguma nova harmonia </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">que me </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">desse a sensação extraviada do silêncio, comprei um CD de Jards Macalé, o velho de guerra com o cigarro aceso no fundo do palco(?)mundo. Só porque ele cantava <em>Ne me quitte pas</em>, canção que de vez em quando deixo aqui de voz em voz para quem sabe que alguma melodia pode haver no universo. Aquela que interrompe o indizível e o incomunicável.</span></div><br />
<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Trg3bxYCTMY?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/Trg3bxYCTMY?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-19392080245189686982011-01-04T19:50:00.000-02:002011-01-04T19:50:08.495-02:00As impertinências voltaram<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Assim como as andorinhas, as impertinências também voltaram. Como elas não combinam bem com a alegria de consumo do fim de ano, decidiram tirar férias sem avisar. Mas resolveram voltar desejando aos amigos e às amigas um feliz ano novo.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Que seja mesmo um ótimo 2011 para mim (que quase sucumbi no anterior) e <a href="mailto:tod@s">tod@s</a> vocês. Devagarinho, bem devagarinho vou chegando, como diria o poeta da Vila Isabel. A divagar.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-85665764942237710232010-12-16T21:05:00.000-02:002010-12-16T21:05:36.569-02:00Tire suas mãos de mim<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/-YIrwblUdac?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/-YIrwblUdac?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br />
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<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Como o <strong>p</strong>r<strong>o</strong>f<strong>eta</strong>, eu também berro: tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você! E se tentar me controlar, te entregarei de presente meu segundo tornozelo. Já não te bastou a quebra do primeiro? Pois agora, Herodes, te ofereço o outro numa bandeja de prata. Enquanto Pilatos lava as mãos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Mas não me subestime. E não me compre como membro honorário do segundo escalão de uma massa falida. Aos dezessete anos datilografei fichas de crediário numa loja de pneus. Enquanto meus patrões, </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">uns árabes prepotentes faturavam, eu devaneava. Controlar fichas, que nada! Em cada prestação impressa eu via um mês de uma vida livre </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">da vida administrada. Em cada tecla batida eu sonhava o barulho da universidade. Minhas fichas ficaram sujas, borradas. E eu fui prá Brasília. Ficaram os árabes prepotentes com seus empregados lambebotas e a loja de pneus falida. Eles passaram, eu passarinho.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Fa</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">xino o fim de ano com incenso e sal grosso. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Os dois anos na São Paulo que eu amo. Jogo tudo pro alto, exceto este blog que me salvou durante aquele </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">tempo baixo astral. Desfaço apartamento, junto livros que comprei. O fôlego prá suportar a luta suja, a vida que ganhamos nos lances bem-sucedidos dos games. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Passo a limpo a agenda, tenho essa mania. A do celular para os absolutamente restritos.</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> A manuscrita e encadernada </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">requer limpeza adicional. Quem morreu não vai prá nova. Sinto muito, mas não lamento. Defuntos serão o adubo pros novos frutos da terra.</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> Deleto os amigos que não foram (esses não servirão de adubo). I</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">nscrevo os verdadeiros. E sumo com os amores imperfeitos. Daqui em diante eles flutuarão na zona opaca a que foram destinados</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">. Sem ressentimento, desde que também </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">tirem as mãos de mim. E não me olhem como inimigo. Simplesmente, abri a porta e fui.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Do mesmo jeito como abro a porta e fugo dos projetos fracassados. Não me incuba de despaixão. Sou quixote e </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">g</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">eneral, j</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">amais soldado (uma amiga recordou </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">essa presunção que um dia eu lhe joguei na cara). </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Sigo o instinto da fera. Erro. Só que nessa errância sempre acerto. Não serei o poeta de um mundo caduco. Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Não me atole na administração dos rankings ilusórios.</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> Não quero esse ouro de tolo. Gosto de respirar a tempestade. É sob relâmpagos q</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">ue arranco a erva daninha e semeio. Nasci no mato. E volto pra ele. Com minha sonhada pajero seminova, </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">preta e reluzente abro caminho. Faze</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">ndeiro. De utopia universitária. Fazendeiro do ar.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-65106734329855833772010-12-02T19:02:00.003-02:002010-12-03T01:10:25.493-02:00Estranha forma de vida<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Que pena! Já não somos mais os únicos no universo. A NASA descobriu uma nova forma de vida inteiramente diferente daquelas que conhecemos. Nós, que vivemos de fósforo, agora nos defrontaremos com seres viventes de arsênico.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Nunca gostei de arsênico. Sempre pensei que era coisa de suicida, tipo que não faz o meu gênero. Fumante inveterado, sinceramente ainda prefiro o metabolismo fosfórico, ainda que no dia-a-dia use o moderno isqueiro. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Os cientistas comemoram a descoberta, que levará ao tão esperado contato com ETs e discos voadores. E virão novas formas de colonização dos moluscos estrambólicos do megaespaço. Serão bons consumidores para alimentar nosso crescimento econômico? Aposto que já tem gente prontinha para investir no novo setor. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Tenho mesmo é pena da Hannah Arendt, que detestava a frenética busca humana por outros mundos. Ela perguntaria: Não basta viver aqui? Haverá alguma novidade em outro tipo de vida? Descobriremos</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> algo tão melhor assim para nos inspirar? </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Creio que não. A vida é pequena, insignificante, boba demais, malgrado nossos egos enormes. Por isso não vale a pena passar a vida especulando besteiras. O fato é que nem somos capazes de controlar o que temos e, sobretudo, o que somos...</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Francamente! Melhor é ficar do jeito que estamos, com nosso metabolismo aceso por míseros palitos de fósforo, sem invejar o dos outros, com nosso coração a bater independente, nesta forma humana - esta, sim, a mais estranha forma de vida:</span><br />
<br />
<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/qxeY83wI-J8?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/qxeY83wI-J8?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-57188974354047136822010-12-01T00:52:00.001-02:002010-12-01T00:55:04.712-02:00A pista de Dáfnis e Cloé<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Vejam este trecho do filme <strong>Cléo e Daniel</strong> (1970), cujo diretor - o psicanalista reichniano Roberto Freire - transpõe para a tela sua obra homônima, publicada em 1966, e que obteve enorme sucesso, tendo sido vendida em bancas de jornal:</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/7MeEblDTYk4?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/7MeEblDTYk4?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Pois é. O romance e o filme foram inspirados na pastoral <strong>Dáfnis e Cloé</strong>, de Longus, escritor grego pouco conhecido, que viveu por volta dos séculos II ou III d.C. e nela cantou as peripécias do amor entre dois adolescentes, conforme os ensinamentos de Eros. Sua obra mereceu outras adaptações, como uma ópera criada por Ravel, reproduzida em parte na trilha sonora de Roberto Freire.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">E daí? Daí, nada. A não ser que neste breve comentário lanço a pedra fundamental da minha nova pesquisa histórica que, aliás, já venho madurando há tempos: cultura, vida universitária, costumes e política nas décadas de 1960 e 1970. É claro que o título não será esse. Todo título é provisório, assim como a própria pesquisa e, muito mais, a reflexão. Se isto é verdadeiro, <strong>Cléo e Daniel</strong> (o livro e o filme) são apenas portas de entrada para o trabalho que, com o tempo, irá deles se desprender pouco a pouco.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Por enquanto, fico com ambos. De hoje a março do ano que vem devorarei cada palavra do romance e cada cena do filme. No mês das chuvas apresentarei minhas primeiras investidas da pesquisa sobre <strong>Cléo e Daniel</strong> numa mesa redonda do ciclo <strong>Leituras da modernidade</strong>, que está sendo organizado em Assis pelo professor Gilberto Martins, do Departamento de Literatura.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Nada mais posso dizer a esta altura. Deixo somente uma pista: meus anos 60 e 70 serão muito mais que deuses e diabos, oficinas e centros populares de cultura, buarquismos e tropicalismos, passeatas e generais, aleenes, colinas e varpalmares, marias antonias e zés dirceus.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Que Eros ilumine meu caminho!</span></div><div align="justify"></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-17544406667854494042010-11-25T17:10:00.001-02:002010-11-25T17:22:42.738-02:00Esperanças ainda que muito discretas<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">É bom ler Olgária Matos enquanto vou me recuperando da nova cirurgia no tornozelo. O livro que me ajuda a passar o tempo é <strong>Discretas esperanças: reflexões filosóficas sobre o mundo contemporâneo.</strong> Publicado em 2006, passou despercebido junto ao público leitor, se é que temos um público leitor no sentido do termo, excetuando é claro, os que compram livros da lista midiática dos mais vendidos e das indicações do Domingão cultural do Faustão. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Voltando ao livro, não é um texto difícil, em que pese a grande erudição da autora, que convoca a acompanhar uma reflexão exigente sobre as tênues possibilidades de reflorescimento do humanismo na cultura tecnocrática atual. Os dez ensaios da obra tratam do precário lugar da filosofia nesse cenário, do que</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> resta da república na democracia midiática, do estrangeiro que resiste à regra abstrata e racionalizadora da identidade científica moderna, do massacrante fetichismo capitalista, da ciência como parte da sociedade de consumo de massa e do espetáculo, das antigas luzes contra o obscurantismo feérico de hoje, das barricadas de 68 reerguidas nos novos levantes do desejo atuais, do ethos e da amizade no pretenso cosmopolitismo contemporâneo, do corpo maquínico feminino atual.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">São ensaios <em>instigantes</em>, para usar um termo usado e abusado nos artigos pseudocientíficos das tecnociências humanas de hoje. Mas, confesso que não pude perceber neles as tais esperanças aludidas no título do livro, se bem que adjetivadas de discretas. Seria incompreensão da minha parte, derivada da minha condição de convalescente? Ou seria porque, eu mesmo, ando cada vez mais desanimado com o universo universitário de resultados do qual faço parte?</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Não sei responder. Em todo caso, ao mesmo tempo em que agradeço aos leitores e leitoras pela solidariedade expressa nos comentários anexados nos posts anteriores, lhes deixo aqui um trecho da obra que caracteriza bem o pensamento de Olgária Matos e pode levar à seguinte indagação: se é assim, que esperanças são essas, especialmente para nós, educadores? </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">"<em>Sob os auspícios da mídia, aprender foi decretado fastidioso e o esforço intelectual, proscrito. Que se pense na leitura - atenta e concentrada - substituída pelo espontaneísmo da leitura próprio à mídia e o à indústria cultural. Se a televisão utiliza um vocabulário de 'no máximo 300 palavras', o 'Decálogo do Jornalista' prevê um leitor com capacidade intelectual de 'dez anos'. Tais procedimentos visam transmissões que devem ser lidas, vistas e imediatamente compreendidas por todos, segundo o pressuposto de que a cultura autêntica seria inacessível ao grande público. Indivíduos assim mobilizados sentem-se instruídos quando capazes de opinar acerca de assuntos do momento. Tornam-se 'lacaios do instante', 'escravos da manchete do dia'. Reduzidos à condição de consumidores, aceitam, sem resistência, a padronização da cultura.</em></span></div><div align="justify"><em><span style="font-family: Trebuchet MS;">A mídia não só prescinde a leitura mas a torna demodée. Se a leitura dinâmica, rápida e por saltos, convém a um cartaz publicitário, é inadequada a escritos literários e científicos. Não obstante, sob aquela influência, a educação foi se impregnando com a ideologia da facilidade - com que a indústria cultural banaliza tanto a formação superior quanto a de resistência, produzindo, segundo Adorno, uma espécie de 'barbárie estilizada'. O filósofo critica a indústria cultural não por ser democrática mas por não o ser, pois a luta contra a cultura de massa só pode ser levada adiante se mostrada a conexão entre a cultura massificada e a desigualdade social. A educação retoma à condição do segredo, pois a mídia transmite uma cultura agramatical, desortográfica e iletrada; contorce reflexão em entretenimento, pesquisa em produção - dado o imperativo primeiro e último do mercado consumidor. Se, na perspectiva humanista, as disciplinas são formadoras, na 'cultura de massa' elas são performáticas.</span></em> (...)</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><em><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A educação humanista, formadora, encontrava na leitura o procedimento nobre por excelência. Atividade paciente, experiência simbólica que trabalha nosso mundo interior. Que se pense em todas as experiências da cultura que requerem tempo, à distância do cronômetro do dia industrial, da produção e do mercado".</span></em></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">(Dedico este post aos meus colegas das tecnociências, humanas ou não, que já abdicaram definitivamente de todo o pensamento humanista). </span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-47638509494306805412010-11-18T11:23:00.000-02:002010-11-18T11:23:30.881-02:00Pausa no blog<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Meus amigos e amigas</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Minhas postagens no blog não estão muito assíduas nas últimas semanas. E provavelmente terei de dar uma pausa, espero que por pouco tempo.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">A razão é que estou em tratamento médico. Lembram-se do começo do ano, quanto fraturei um tornozelo e passei por uma cirurgia? Pois é: o osso colou bem, mas a cicatrização não funcionou perfeitamente. Um dos pinos se quebrou, provocando inflamação e infecção. Assim que isso for debelado, haverá necessidade de nova cirurgia </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">para retirar os pinos.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">E assim ando meio desanimado para escrever. Portanto, os posts serão mais esporádicos. Conto com a compreensão de vocês.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-13190724181901069012010-11-11T22:32:00.002-02:002010-11-11T23:08:36.310-02:00Por causa do ENEM quase assassinei um dentista alienado<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Dia sinistro foi hoje. Prá começar, longo trajeto de taxi até o Ipiranga, local do meu novo trabalho. Andar de taxi quase sempre me irrita, mas ainda é melhor do que ir de ônibus, depois pegar o metrô e ainda enfrentar mais uma trecho de busão, ida e volta, todo santo dia. Nem Cristo aguentaria! O jeito, portanto, é suportar o motorista que fala demais, aquele outro barbeiro, o que puxa assunto de política invariavelmente contra minhas convicções, o carro cheirando mal ... Serei eu irritado demais? Ou terei de recorrer a um baseadinho de viagem para relaxar suave na nave diariamente?</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Por tudo isso, foi torturante encarar outra vez o impiedoso taxímetro no final da tarde. Mas era a única saída para repor um pedaço de dente quebrado em pleno almoço, dois dias atrás. É verdade que era um dente lá do fundo, fácil de esconder num sorriso fingido. O problema era a língua que não parava de lamber, segundo a segundo, o áspero caco sobrante. E, como todos sabem, não é fácil controlar uma língua. A solução era procurar um dentista de emergência, uma vez que o meu fixo reside no interior, muito longe. Bastou ir ao Google e - pronto - o horário estava marcado.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Acenei mais uma vez para o taxi. Mas o motorista, fatidicamente, não conhecia o endereço, nem tinha GPS e sequer um guia de São Paulo. Fomos nós num trânsito infernal à caça de informações, às cegas. Só depois de muitas idas e vindas chegamos ao destino. Convenhamos, leitor e leitora, justificava-se inteiramente minha ira!</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">No prédio luxuoso, acesso controlado ao estilo do Pentágono, chego ao 14º andar. Descrevo meu caso à alegre recepcionista que a tudo responde "<em>com certeza</em>", preencho a ficha com meu nome de batismo e profissão de professor, debito duzentos e cinquenta pratas no cartão, ingresso no minúsculo gabinete de luzes brancas. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Mais uns minutos e lá estou eu entubado como numa UTI, o sugador na boca, o nariz saturado da respiração artificial, a britadeira a escavar profundamente o pobre e já demasiadamente vivido canal, os olhos esbugalhados a fitar a testa vermelha do dentista.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Eis que, impossibilitado de falar, de gritar, de me defender, ouço o inevitável comentário - a última coisa que esperava ouvir num dia tão sinistro:</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><em>- E o exame do ENEM, heim! Que incompetência do PT! Que vergonha! Que prejuízo pros estudantes</em>!</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Por um átimo de segundo me vieram à mente a campanha eleitoral do Serra, a cantilena do PIG contra a política educacional de Lula, os comentários torpes e parciais de Mônica Waldvogel, Paulo Renato e Eunice Durham no <strong>Entre Aspas</strong> de ontem na <strong>Globonews</strong>, as falácias direitistas de Demétrio Magnoli sobre o sistema de cotas na universidade. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Nesse contexto mental, o rosto do dentista babaca, tão próximo, de repente se transformou num monstro reacionário, conservador, alienado e golpista. Sem poder</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> debater, retrucar, combater, compulsoriamente calado, simplesmente ergui as pernas e levantei um dos braços com ganas de estrangular o homem de branco. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">O que de nada adiantou. Ele continuou sua ladainha ignorante e grotesca, alimentada pela <strong>Globo</strong>, pela <strong>Folha de São Paulo</strong> e pela <strong>Veja</strong>, acreditando que meus gestos significavam apenas pânico de consultório:</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">- <em>Calma, já estou terminando! Um homem desse tamanho com medo de tratamento dentário!</em></span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Estranhamente, foi esta fala tranquilizadora que acalmou meu ímpeto assassino. Tenho de admitir: o mundo é assim como ele é, conclui.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-78312572448905408672010-11-08T00:10:00.004-02:002010-11-11T21:26:50.680-02:00De medo e perseverança<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">De uns tempos prá cá venho desenvolvendo um medo cada vez maior do correio eletrônico. </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Digo <em>venho desenvolvendo</em>, com o perdão do gerúndio, porque de uns tempos prá cá os males têm sido atribuídos unicamente ao indivíduo, em sua infinita solidão e em seu imenso arbítrio</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">. Exemplo disso são algumas pequenas frases, aparentemente insignificantes, que se tornaram com</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">uns na prosa cotidiana. Como estas</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">: </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><em>fulano fez um câncer</em>, <em>beltrano desenvolveu síndrome de pânico,</em> e assim por diante.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Não muito antes, as doenças, os infortúnios e os pavores eram de responsabilidade transcendental, social, biológica ou cultural: <em>aquele</em> sofria de tuberculose, <em>aquela</em> pegou sarampo ou foi tomada por um encosto. Noutras palavras, o mal sempre vinha de fora, cabendo ao sujeito o papel de vítima, seja por causa divina, seja por razão terrena. Agora, não, vem de dentro do indivíduo, a ele pertence, foda-se!</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Seria o caso de especular</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> como se deu esse crescente processo de culpabilização do indivíduo numa escala que em muito ultrapassa a velha moral cristã do pecado. De</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">sconfio que tudo isso seja expressão do </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">poder médico - biopoder, segundo Foucault -, um poder tão </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">avassalador quanto a crença contemporânea</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> na soberania do indivíduo sobre a vida e a morte.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Mas isto não vem ao caso. O que importa é que tenho medo da caixa de correio. Será que </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">alguém mais do u</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">niverso virtual </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">desenvolve, por responsabilidade própria, tal enfermidade? Será</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> uma doença semelhante à síndrome do pânico, à bulimia ou outras patologias</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> típicas da nossa época, conforme o testemunho televiso noturno dos</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> que descem ao fundo do poço e</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> depois se reerguem pela autoajuda cristã?</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Não sei se esse tipo de culpa é só meu, mas o fato é que sinto medo de abrir os emails, assim como, tempos atrás, receava o toque do celular. Não que temesse ouvir do outro lado da linha alguma notícia trágica (pois sei que estas sempre chegam por meios até mais primitivos), e agora tema ler nas mensagens ameaças terroristas ou abrir as portas para algum pirata insidioso. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Nada disso!</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> O que sinto não tem a ver com esses medos enraizados na vida da humanidade dos tempos medievais aos contemporâneos, tão </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">bem descritos por Jean Delumeau e p</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">or </span><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Yi-Fu Tuan. Afinal, temíamos e sempre temeremos a face da morte, as catástrofes naturais, os surtos de violência e as epidemias. Repetiremos eternamente o temor das forças terríveis, divinas ou naturais, </span></span> <span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">que não somos capazes de dominar.</span></span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Meu medo de emails é de outra natureza, muito mais profano e prosaico. É o medo de algo à primeira vista inteiramente controlável: as mensagens que chegam todo dia de forma inocente, sem esforço, sem carteiro e sem voz, e que em nada se parecem com aquelas trazidas pelos antigos mensageiros, anjos ou demônios. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">O meu medo é das tarefas</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> cada vez maiores nelas contidas e que terei de</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> cumprir </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">pa</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">ra agentes ocultos, modernos e o</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">nipotentes:</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> preencher formulário profissional, enviar currículo, emitir parecer, ler projeto, formular projeto, redigir relatório, responder ao </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">orientando, solicitar bolsa (para outro), visitar um novo site imprescindível ... Medo desse sobretrabalho e dessa sobrevalia pós-Marx.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Medo dessas singelas cartas falsas, coloquiais, amigas e íntimas, a</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">ssinadas com <em>abs e bjs</em>. Ou desses requerimentos</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> rápidos, despidos dos longos prolegômenos da antiga </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">formalidade burocrática, mas, no ent</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">anto, tão peremptórios: <em>faça, faça, faça</em>! </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Medo, enfim, dessas cobranças geralmente gratuitas, env</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">iadas e exigidas nos e para os finais de semana. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Serei eu o único a desenvolver tal pânico? Embora não saiba a resposta, se há descrição clínica dessa patologia, ou alguma estatística disponível sobre os novos enfermos, tomei uma decisão. Já que a responsabilidade sobre o mal é inteiramente minha, decidi d</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">esde ontem, </span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> sábado, fazer uso da minha soberania, do meu arbítrio, da minha falta de culpa. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Simplesmente não abri a caixa de correio. E repetirei esse procedimento todo final de semana daqui prá frente. Sei que terei de ter muita fé para enfrentar o mal que é só meu. Mas, como vejo e ouço nos testemunhos da televisão: basta perseverar. Perseverarei!</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-70312520547795285872010-11-02T14:40:00.001-02:002010-11-02T14:46:15.015-02:00Yes, we can(nabis)<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Yes, vencemos, yes, we can! </span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Passada a ressaca eleitoral, temos a garantia de que o programa de desenvolvimento econômico-social e redistribuição de renda está assegurado. Resta avançar em muitas outras áreas, entre elas a saúde e a educação. Resta avançar, sobretudo, na reforma política: criar condições para o fortalecimento de partidos políticos verdadeiros, impedir a proliferação de agremiações de aluguel, expandir a banda larga e a democratização das informações, rever a lei de concessão de canais de tv e de rádio, quebrar o monopólio da imprensa golpista, libertar a república do poder religioso, isto é, recriar a república laica.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">O que de pior tivemos no recente processo eleitoral foi a exploração de temas morais e religiosos, que significou um profundo retrocesso político. Há muito tempo não se via no país semelhante apelação hipócrita. Do DEM não se podia esperar outra coisa. Mas a atitude do PSDB e do PV quanto ao assunto foi um verdadeiro espanto. FHC, Serra e Gabeira, notórios agnósticos, para não dizer ateus, se enlamearam no mais profundo primitivismo oportunista. E o que dizer desses homens esclarecidos quanto à exploração da condenação ao aborto, santo deus!</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Por mais que o combate a essa hipocrisia não deva figurar como prioridade no novo governo, é preciso dizer que faz falta um choque de antihipocrisia moral. Bons tempos foram aqueles em que o PT dava espaço aos defensores de bandeiras como a da descriminalização do aborto e da maconha, por exemplo. Os petistas devem retomá-las, retirando-as das mãos de oportunistas de carteirinha, como Gabeira e Soninha Francine. O avanço social pressupõe o combate ao conservadorismo em todos os seus aspectos, principalmente, os morais.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Vejam o que acontece em outras plagas, notoriamente puritanas. Nas eleições de meio-termo na Califórnia, hoje, os eleitores também votarão sim ou não à liberação da maconha para fins recreativos (a cannabis já está legalizada para uso medicinal). Embora as pesquisas indiquem que a proposta seja derrotada por 7% dos votos, a realização do plebiscito, por si, já representa uma vitória. Outra é o fato de que personalidades do mundo empresarial, científico, intelectual e artístico têm se manifestado a favor e mostrado a cara. Muito diferente do que ocorre entre nós: conhecidos aborteiros e aborteiras, cocaínomanos e maconheiros se travestindo de bento XVI para angariar votos.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">É esse tipo de choque moral antihipocrisia que faz falta por aqui. Porque yes, we can(nabis).</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/J58YUol_PiA?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/J58YUol_PiA?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/kSeZEgA0R-0?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/kSeZEgA0R-0?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-79548137342257548592010-10-30T23:17:00.000-02:002010-10-30T23:17:33.071-02:00Contagem regressiva final: 3...2....1.....13<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Bye bye Serra! O Brasil vai seguir mudando.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/sF39pz56-Sk?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/sF39pz56-Sk?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></span>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-53489118294197609362010-10-28T19:12:00.003-02:002010-10-28T21:53:25.981-02:00Vídeo revela fase anal do Coiso<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/pQg5cbMyisU?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/pQg5cbMyisU?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Julho de 1942</strong>: O coiso começa a sentir o prazer de reter as fezes. Mamãe fica preocupada. Por que seu bebê não quer lhe entregar seu presentinho bostal? Quer punir mamãe?</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Natal de 1946</strong>: Coiso ganha uma bicicleta. Ao lado do papai, na banca do Mercado Municipal, expõe seu presente à freguezia. Um moleque pretinho tenta por a mão na bike. Coiso se enfurece e grita: - <em>É só minha!</em> </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Outubro de 1957</strong>: Os colegas de classe não toleram o Coiso. Ele não passa cola, esconde o lanche de calabresa, lê no canto a biografia de Napoleão, deda à professora o amigo que jogou uma bombinha no banheiro.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Janeiro de 1960</strong>: O coiso tem inveja dos líderes estudantis. Quer ser um deles. Ninguém lhe dá bola. Se junta a um grupinho de invejosos para planejar tomar o lugar deles.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1961</strong>: Depois de uma campanha cheia de intrigas contra as chapas rivais, o Coiso é eleito presidente da UNE. Aproxima-se do presidente da República, sonha ocupar o seu lugar.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Março de 1964</strong>: O Coiso imagina comandar um exército de estudantes revolucionários. Descobre que os militares vão dar um golpe e fechar a UNE. Pula o muro de uma embaixada e foge para o exterior. A UNE é incendiada. Os estudantes elegem uma diretoria clandestina para resistir ao golpe.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1964 -1978</strong>: Período obscuro na biografia do Coiso. Dizem que passou pelo Chile onde se casou com uma mulher que tinha o mesmo sobrenome do presidente daquele país. Só o sobrenome, mas não as mesmas idéias. E que, quando os norte-americanos teleguiaram Pinochet para derrubar Allende, ele foi um dos poucos a conseguir visto para entrar nos Estados Unidos. A única coisa que se sabe bem dessa época é que o Coiso teve várias vezes de tomar laxante por causa do seu difícil processo de digestão.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1979 - 2009</strong>: O Coiso ocupa diversos cargos, sem concluir nenhum. Assessores reclamam da sua rispidez e teimosia. O povo detesta sua avareza. Mas ele continua a esconder seus presentinhos. Agora tem muitos. Coiso também gosta de atacar pelas costas quem passa por sua frente. E quer ser presidente a qualquer custo. Sua barriga, porém, ainda dói. </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Fim de outubro de 2010</strong>: O Coiso perde a eleição para uma mulher sem as suas qualidades napoleônicas. Desespero: <em>Como isso pôde acontecer? - E eu, o mais preparado? - Ai! hoje tou estufado. - Acho que aquela calabreza não me caiu bem</em>.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Janeiro de 2011</strong>: Coiso desenvolve forte depressão. Antes de abandoná-lo, num derradeiro ato de generosidade e lealdade, sua amiginha puxa um trago e decide levá-lo ao analista. Seis meses no divã, mas Coiso não entrega suas fantasias ao psico. O psicanalista é que entrega os pontos e o dispensa das sessões. O Coiso então divulga um dossiê com graves denúncias sobre as práticas corruptas do seu terapeuta.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Novembro de 2011</strong>: Sua mulher lhe traz uma imagem de Aparecida para curá-lo. Não resolve. O pastor Malafaia tenta afastar seu encosto. O capeta, entretanto, não desgruda. Coiso resolve frequentar um centro espírita. Descobre-se médium. Psicografa cartas de Napoleão ..... Já é noite quando uma ambulância chega com suas sirenes estridentes.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Natal de 2011</strong>: O Coiso sai pálido do banheiro. Outra vez o laxante não fez efeito. No corredor, uma fila o espera aos uivos: <strong>Ave Coiso!</strong> Henry Cristo discursa para a pequena multidão, enaltecendo as qualidades do grande líder<strong>.</strong> Uma velha descabelada agarra-o para beijá-lo. Mas, seu guarda-costas, um cara baboso e de olhos esbugalhados, consegue protegê-lo. O Coiso segue impassível, orgulhoso e imponente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Na porta que dá entrada aos dormitórios, um enfermeiro observa a cena com atenção. Seu olhar é de tédio e compaixão.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-91792745750612471092010-10-24T19:04:00.000-02:002010-10-24T19:04:23.037-02:00Contagem regressiva: faltam 7 dias para a direita serrista ser vencida<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Bolinha não dói</span></div><br />
<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/rmsL0weS4AQ?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/rmsL0weS4AQ?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-15479097245809465332010-10-23T00:27:00.002-02:002010-10-23T00:27:47.895-02:00Estudantes com Serra<object height="385" width="640"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/obuafIUdG30?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/obuafIUdG30?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="640" height="385"></embed></object>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-48034287090985972412010-10-22T21:34:00.002-02:002010-10-22T21:38:09.123-02:00Rede Globo falsifica a bolinha de papel<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Na história brasileira, ficaram conhecidas algumas armações e falsificações políticas que tiveram consequências trágicas. Exemplo disso foram as "cartas falsas", forjadas durante o governo de Artur Bernardes, na República Velha. Outro caso famoso por sua perversidade foi o "Plano Cohen", um suposto plano de tomada do poder pelos comunistas, inventado pelos integralistas, que serviu para justificar o golpe do Estado Novo (1937).</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Muito tempo depois, Brizola denunciou uma grave armação da Rede Globo contra sua candidatura. A mesma emissora editou e deturpou, alguns anos à frente, o debate entre Lula e Collor para beneficiar o segundo candidato. Conseguiu. Collor foi eleito. É esta liberdade de imprensa que a Globo, em nome do PIG, defende?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A farsa agora se repete na falsificação do vídeo da bolinha de papel. Mas nem sempre as farsas terminam em tragédia. Pelo excesso de uso, podem se transformar em comédia, das mais rasteiras e hilariantes. Mais risíveis até que as fora de moda de Falabela.</span></div><div align="justify"></div><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span><br />
<br />
<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/VSQD2sRNBUc?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/VSQD2sRNBUc?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-4235177691010793932010-10-22T18:25:00.000-02:002010-10-22T18:25:46.117-02:00Contagem regressiva<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Faltam NOVE dias para Serra encerrar sua carreira política, </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">orientada por uma ambição subjetivamente compensatória, que o levou tentar todos os meios, principalmente os eticamente condenáveis: tornar-se presidente da república. Mas seu son</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">ho foi como uma bolinha de sabão. De menor densidade ainda q</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">ue a bolinha de papel na qual se agarrou para uma derradeira tentativa de golpe.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-33207309095418504292010-10-19T00:15:00.004-02:002010-10-20T19:06:44.747-02:00Breve cronologia da longa luta pela construção das res pública brasileira (revista e ampliada)<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>Segunda metade do século XVIII</strong>: Insurreições esparsas e atomizadas de colonos (geralmente ligados a atividades comerciais e administrativas urbanas) inspirados em difusos valores republicanos. Violentamente dizimadas pela coroa portuguesa.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Independência. Época regencial e início do Segundo Reinado (séc. XIX)</strong>: Rebeliões de camadas médias e/ou pobres de algumas províncias, marcadas por traços republicanos. Violentamente reprimidas pela Guarda Nacional (constituída de forças sob o controle dos grandes proprietários de terras).</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1870-1889</strong>: Difusão dos ideais republicanos entre civis e militares positivistas vinculados ao mundo urbano e ao segmentos sociais médios. Luta pelo fim da escravidão, defesa do Estado Laico, proposta de reforma das instituições e da modernização do país. Inspiravam-se na Revolução Francesa.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Formação dos Partidos Republicanos regionais. Adesão de alguns grupos latifundiários (entre eles paulistas), contrários à centralização monárquica e interessados na implementação de um federalismo à moda americana. Defendiam a autonomia provincial e a imigração estrangeira, resistiam às leis abolicionistas, tinham como base social os grandes proprietários de terra.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1889 - 1930</strong>: A instalação da República desencadeia uma luta encarniçada entre os dois grupos acima. Após dois governos militares (Deodoro e Flolriano), as oligarquias agrárias vencem sob a liderança da elite paulista. Inicia-se a interminável República do Café-com-Leite, período marcado pelo domínio oligárquico, sob hegemonia paulista. A indústria se desenvolve em São Paulo a partir da cafeicultura. A questão soci</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">al (operária, camponesa) é tratada como caso de polícia. Época de grande exclusão social, tensões, revoltas sociais e início do sindicalismo. A coisa pública é tratada como coisa privada pelas oligarquias industriais e agrárias.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1922</strong>: Rebelião tenentista do Forte de Copacabana. Os tenentes retomam ideais do republicanismo militar radical. Combatem o domínio oligárquico e coronelístico. A revolta é duramente reprimida.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1924</strong>: Rebelião tenentista em São Paulo. Propósitos semelhantes. A cidade é bombardeada pelas forças da ordem oligárquica. Depois de vários dias, a revolta é debelada.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1924-1928</strong>: A C</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">oluna Prestes percorre vastas regiões do país propondo uma insurreição contra o poder central. Principal objetivo: combater as oligarquias que faziam do Estado a sua casa, regenerar a res pública. Membros: tenentes e alguns civis. A Coluna é perseguida mas não vencida. Pequena parte da Coluna, tendo à testa Luis Carlos Prestes, se aproxima dos comunistas.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1930</strong>: A Aliança Liberal (tenentes mais setores dissidentes das oligarquias e alguns civis antioligárquicos), sob a liderança de Getúlio Vargas, depõe Washington Luís e t</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">oma o poder central. Fim da República Velha. Vargas nomeia interventores tenentistas para o governo dos Estados.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1932</strong>: A oligarquia paulista se rebela na tentativa de retomar o antigo poder. Lança mão de intensa propaganda manipulatória para ter o apoio das classes médias e populares. Apesar disso, as forças revolucionárias vencem os reacionários paulistas. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1932-1937</strong>: Intensa luta pelo controle do poder. Militares do alto comando reestabelecem a disciplina no Exército e controlam os tenentes defensores do reformismo de maior alcance. De outro lado, desencadeia-se um embate</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> entre comunistas e integralistas. O PCB realiza um levante que é rapidamente frustrado. Período repressivo. Vargas se fortalece com o apoio das cúpulas militares politicamente conservadoras.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1937-1945</strong>: Respaldado pelo alto comando das Forças Armadas, Vargas estabelece a ditadura do Estado Novo. Controla ou se alia aos setores oligárquicos. Reequipa as Forças Armadas. Implementa ações nacionalistas, criando empresas para o desenvolvimento nacional. A industrialização caminha a passos largos. Cria a legislação trabalhista. Ganha o apoio das massas populares. Inicialmente simpático ao Eixo, termina por se aliar</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> aos Estados Unidos e a enviar tropas brasileiras para combater</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> o nazifascismo. Cria o Partido Trabalhista Brasileiro. Deposto em 1945, apesar da oposição dos setores da oligarquia privatista, consegue eleger como seu sucessor Eurico Gaspar Dutra, do alto comandante do Exército.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1950-1954</strong>: Getúlio volta nos braços do povo e é reeleito. Novo período de desenvolvimento nacional e social. Criação da Petrobrás com enorme respaldo popular. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Os setores oligárquicos, contrários à política trabalhista e nacionalista, desencadeiam intensa campanha golpista sob o comando da UDN. Em nome da democracia e dos princípios liberais privatistas, tentam o golpe contra Vargas. Carlos Lacerda, o corvo, é o principal líder da oposição gollpista. Vargas se mata. Intensa comoção popular.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1955-1960</strong>: Intelectuais nacionalistas se reúnem em torno do ISEB: Instituto Superior de Estudos Brasileiros. Formulam projetos nacional-desenvolvimentistas. De outro lado, os militares dos escalões superiores se organizam em torno da Escola Superior de Guerra, defensora do anticomunismo típico da guerra fria, do alinhamento à política conservadora dos norte-americanos e dos princípios liberais privatistas da UDN. Industrialização e modernização sob o governo JK. Endivademento externo.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1960-1964</strong>: Após a crise provocada pela renúncia do demagogo Jânio, João Goulart, herdeiro de Vargas,</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> chega à presidência (m</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">as sem poder) </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">após um acordo das elites que estabeleceu o parlamentarismo. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Tem o apoio dos nacionalistas, dos comunistas, de parte dos setores médios, dos camponeses, do operariado, dos estudantes, dos intelectuais e dos</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> sargentos. Realiza um plebiscito que devolve ao país o</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> poder presidencialista. Sofre forte reação dos setores conservadores. Tenta realizar as reformas de base (entre elas a agrária). Estudantes e professores levantam a bandeira da reforma universitária. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Militares estimulados pelos latifundiários e pela burguesia oligárquica paulista e mineira (principalmente) conspiram para tomar o poder. Mulheres católicas da elite hipócrita, padres conservadores, TFP, velhos integralistas e outros reacionários realizam a Marcha da Família. (</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><em><strong>Serra ainda estava do outro lado, mas já olhava aquele desfile com interesse e ambição política</strong>)</em></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1964-1984</strong>: A ditadura militar em suas várias faces: ajuste monetário, suspensão das liberdades, censura, r</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">epressão sobre os movimentos sociais, terror, </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">internacionalização da economia, controle nacional de setores estratégicos para a segurança nacional. Sob o governo Médice ocorre o "milagre brasileiro" que angaria apoio das classes médias ao governo. Gr</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">ande mobilização política contra o regime </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">em 1967 e 68 reunindo estudantes, professores, intelectuais e artistas. O governo impõe uma reforma universitária de modelo privatista norte-americano. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Reprimidos na esfera pública, </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">setores da esquerda ini</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">ciam ações armadas contra a ditadura (<strong><em>Dilma integrava um desses grupos de resistência</em></strong>). </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Onda brutal de repressão. Os líderes sobreviventes se exilam.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Fim da década: Campanha das "Diretas Já" une os oposicionistas ao regime. O partido do governo (ARENA, depois PFL e depois DEM) atua para impedir as mudanças. Derrotado, se alia ao PMDB para se manter no poder. R</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">edemocratização do país, volta dos exilados (<em><strong>Serra retorna em figurino conservador; Gabeira chega de sunga ecocapitalista; Brizola vem para retomar o trabalhismo varguista</strong></em>). Movimento operário no ABC e outras cidades do país. Mobilização de professores e outras categorias de trabalhadores. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Surgem novas forças políticas, entre elas o PDT, representativo da esquerda nacionalista (<strong><em>Briz</em></strong></span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong><em>ola é o líder, Dilma se filia à sigla</em></strong>) e o PT (reunindo grupos de esquerda, católicos progressistas, sindicalistas e intelectuais).</span><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>1985-2001</strong></span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>:</strong> Intensa disputa entre forças rivais: defensores da res pública e defensores da res privada.<strong> </strong>Governos Sarney e Collor. Agitação política, divisão e fragmentação dos partidos (PMDB e PSDB, partidos nanicos), conciliação oportunista das elites conservadoras sob a liderança do PFL, descontrole da economia, inflação. (<strong><em>C</em></strong></span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong><em>om a queda de Collor, It</em></strong></span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong><em>amar cria o Plano Real e controla a inflação</em></strong>). </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">O PSDB transforma a social</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">democracia em neoliberalismo e se alia às forças oligárquicas arcaicas. FHC chega ao poder com o apoio das classes médias e dos grupos sociais dominantes. Surge o PV oscilando entre a socialecologia e o ecocapitalismo. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Retrocesso das conquistas sociais e nacionais. Década perdida. </span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>2002-2010</strong>: Lula chega ao poder num leque de alianças que aglutina peedemistas progressistas ou não, pedetistas, PCdoB, PSB e outros partidos menores). </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Retomada da construção das res pública. A esquerda radical rompe com o PT e funda pequenos partidos puristas (PSTU, PSOL, entre outros). Grandes programas sociais garantem o apoio ao governo. </span><span style="font-family: Trebuchet MS;">Intensa oposição oligárquica privatista sob a b</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">andeira do velho udenismo. Tentativa de golpe contra Lula que, no entanto, angaria enorme apoio popular. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Forças retrógradas se unem para disputar a presidência. Dilma é indicada à sucessão de Lula pelas forças nacionalsocialdesenvolvimentistas. (<strong><em>M</em></strong></span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong><em>arina, desiludida por não ser a preferida de Lula,</em></strong></span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong><em> cai na cama de gato verde que balança entre o ecocapitalismo e a socialecologia; lança a pretenciosa e malograda terceira via que acaba na estrada privatista oligárquica).</em></strong></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>ou</strong></span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>tubro de 2010</strong>: Retorno das senhoras católicas, dos padres e dos pastores conservadores, da TFP, dos latifundiários agronegocistas e outros oportunistas da mídia. Luta indefinida. <strong>Serra agora adere à Marcha dos hipócritas abortistas</strong>. O Estado Laico e modernizador, nunca completado, padece. Vencerão os reacionários? Abortarão as conquistas sociais?</span></div><div align="justify"><br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>nota de rodapé</strong></span>: <span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Este é um panfleto </span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">escrito à base da memória</span></span><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"> e sem consulta a livros, que </span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">padece de todas as simplificações e generalizações próprias a tal gênero de texto. Mas sei também fazer de modo rigorosamente acadêmico, o que não é o caso aqui</span>.</span> </div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-46143148708968819482010-10-15T15:26:00.002-03:002010-10-15T15:41:45.061-03:00Memória de um tempo dramático<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>O termômetro político da Califórnia nouveau riche brasileira</strong></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Uma semana na minha terra, São José do Rio Preto, sob um calor que abafa o cérebro, e já basta. Temo que esta cidade seja o termômetro da virada política conservadora que atravessamos. Aqui o golpe de 64 foi recebido com rojões. Aqui Collor triunfou, assim como todos os tucanos e outros oportunistas. Aqui Serra está em alta no segundo turno.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Não tenho uma amostra leitoral propriamente científica. Mas Vilma, minha faxineira, fornece pistas seguras para estimativas, já que ela também trabalha em várias outras outras casas e me entrega o ouro sobre as preferências políticas dos seus patrões, ou, melhor, das suas patroas. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Segundo Vilma, a maioria é pró-Serra. Tem uma, tipo perua nova, rica faz pouco tempo, que detesta pobre e fica indignada com o fato de que agora qualquer um pode comprar carro vectra, civic, sem falar das santanas e dos gols velhos de guerra. A tal da perua todo ano troca de carro para se distinguir desses pobres encarrados. Vilma conta ainda que outra patroa vive no shopping (chega em casa de cabelo molhado - hum hum!) enquanto o marido trabalha. E reclama que hoje em dia o ambiente shoppínico é também frequentado pelos manos da periferia. Pois é. Como Rio Preto não tem praia, os manos tiveram de invadir o shopping da classe média. E esta se revoltou. Vai votar no Serra.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Do jeito que as coisas estão, não terei mais lugar prá tomar cafezinho. Já briguei com três caixas de loja de conveniência. Hoje bati boca com mais uma delas. Protestei porque no caixa estavam afixadas fotos do Alckmin, do Serra, do prefeito de Rio Preto e do Rodrigo Garcia Lopes (argh!) quando passaram pelo local. Ela me respondeu: "<em>Cê queria o quê? Que eu pussesse a Dilma? Deus me livre".</em> O sangue ferveu nas minhas veias. Perguntei se ela havia estudado e se era evangélica. E sai sem querer ouvir mais nada. Já sabia a resposta. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Nenhum preconceito contra as caixas. E nada de generalizações. Mas, já generalizando, creio que os neurônios dessas meninas foram alimentados pela Xuxa, pela Lucianta Gimenez e pelas novelas da Globo. Todas querem ser modelos. Por isso se identificam com os vencedores, com os sonhos vendidos pela elite. Serão, isto sim, eternos modelos de burrice!</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Por que é que grande parte do eleitorado feminino rejeita Dilma? Alguma psicologia barata deve explicar o fenômeno.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Agora falando sério</strong></span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">A situação é dramática. Tarso Genro disse que vivemos uma forma de golpismo parecida com o que ocorreu às vésperas do golpe de 64. Concordo com ele. Não que os militares tentem tomar o poder. Não precisam. Serra já os representa muito bem. Usou expedientes moralistas, hipócritas e culturalmente primitivos em sua campanha. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Como é que se pode admitir tanta influência política religiosa? Como é que retrocedemos a temas morais tão atrasados? Como é que pode uma praticante de aborto, Mônica Serra, se apresentar ao PIG com esse figurino carola, sem discutir o assunto em sua crueza verdadeira? Não que se deva condená-la por ter abortado. Mas sim pela hiprocrisia. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">E o tal do Paulo Preto e sua bolsa recheada de quatro milhões desviados? Por que não sai no PIG? Por que condenam José Dirceu? É golpe à vista. E nada de reforma política que acabe com o caixa dois e a concessão de canais abertos a grupos religiosos. Nada de Estado laico. Que dor devem sentir Robespierre, Silva Jardim, Floriano Peixoto e Raul Pompéia!</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">E a cândida Marina? Descerá do muro ou ficará oportunamente no alto da seringueira a assistir o retrocesso político? Ou ela seria pura expressão do atraso? Marina tem noção do mal que fez e continua a fazer ao Brasil? Sabe lá o que significará uma vitória de Serra nas condições brasileiras atuais? O que será do Pré-Sal, da Petrobrás, das Universidades Federais, do Prouni, do Bolsa Família, do Minha Casa, minha vida? </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Isso é pouco? Foi a retomada do nacional-desenvolvimentismo, interrompido em 64. Quantas décadas ainda teremos pela frente para recompor o país de um novo assalto neoliberal? Que justificativa a suposta terceira via (pouquíssimos votaram em Marina em razão do seu projeto de´desenvolvimento sustentável) dará à sociedade brasileira para sua traição política? Ainda é hora de pressionar a cândida Marina. Sua ambição pessoal não pode estar acima dos interesses do povo explorado do país. Com a palavra seus adeptos!</span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>O terceiro mandato que não ocorreu</strong></span><br />
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<span style="font-family: Trebuchet MS;">Lula deu mostras inequívocas do seu apreço à democracia representativa - à democracia puramente formal que não é a única forma de democracia historicamente conhecida. Sabe-se que houve, há e haverá várias formas de democracia. Lula tinha tudo para tentar um terceiro mandato. Bastava um plebiscito popular. </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Como já afirmei em post muito antigo, Roosevelt - o artífice do New Deal, que revitalizou a sociedade norte-americana - obteve um terceiro mandato em nome dos interesses maiores do seu país. De Gaulle, ex-guerrilheiro e partícipe da luta armada na Resistência Francesa - ganhou consentimento do seu povo para reerguer a França depois da ocupação nazista. Nossa situação não é assim tão diferente, caros defensores da democracia formal e elitista burguesa. Pagaremos o preço da nossa ingenuidade? Nunca lemos Maquiavel sobre a arte da política?</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Caímos no conto do vigário da suposta democracia demotucana. Mas ainda há saída. Que Lula ponha as mãos na massa. Se necessário, que se licencie da presidência nestas duas últimas semanas antes da eleição e percorra o Brasil ao lado de Dilma. Que levante a população brasileira!</span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>Estou finalmente feliz com alguns colegas historiadores</strong></span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Depois de longos anos de neutralidade, apatia e alienação política da nossa corporação, eis que o atual presidente da <strong>ANPUH - Associação Nacional de História, </strong>Durval Muniz de Albuquerque, lança uma carta eloquente em defesa da candidatura de Dilma Roussef. É dessa ANPUH que me orgulho: uma associação que se manifesta, que não se alheia dos tempos dramáticos em que vivemos. A carta vem com o título <strong>Dois projetos radicalmente distintos</strong>. Recomendo-a a todos. Pena que não consegui anexá-la aqui. Mas valeu, caro Durval.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-10099443244669643792010-10-14T13:58:00.001-03:002010-10-14T14:01:12.150-03:00Como Serra comemora o Dia do Professor<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">15 de outubro de 2010. Dia do Professor. Os professores paulistas nada têm a comemorar. 16 anos de PSDB no governo significaram (e ainda significarão com Alckmin) a completa degradação do sistema público de ensino e a mais aviltante desvalorização do professor na história de São Paulo. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O vídeo abaixo demonstra bem como os mestres foram tratados durante esse tempo. Que os professores paulistas não se esqueçam disso na próxima votação para presidenta.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">E que os professores brasileiros não se deixem levar pelas falsas promessas do exterminador da educação pública em nosso país.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/DZoPj5p7Nsg?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/DZoPj5p7Nsg?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-83647111623596003172010-10-12T18:52:00.001-03:002010-10-12T19:04:07.564-03:00Outra herança maldita de FHC: a degeneração da pesquisa e da pós-graduação no Brasil sob o império dos pontinhos da CAPES<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Finalmente alguém põe o dedo na ferida da pesquisa e da pós-graduação no Brasil. Está mais do que na hora de rever outra das heranças malditas de FHC, arquitetada em concordância com as diretrizes neoliberais do Banco Mundial e infelizmente mantida no período Lula</span>: <span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">o sistema de avaliação da <strong>CAPES</strong> (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Intelectuais respeitados do país já haviam denunciado esse pernicioso e anacrônico sistema que privilegia a quantidade em detrimento da qualidade. Entre eles, Marilena Chaui e Olgária Matos, para citar apenas dois nomes. Nas universidades há um murmúrio lamentoso em surdina, mas o negócio é se calar e se adaptar às normas, sob pena de ser tachado de improdutivo. Todo mundo quer ser produtivo. Nem que seja por meio da fabricação de inutilidades.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Esse alguém é Paulo Prochno, professor da Universidade de Maryland, segundo o que diz Thomaz Wood Jr. em matéria publicada no último número da <strong>CartaCapital</strong>. Quem sabe, desta vez, as críticas encontrem ressonância entre nós, já que partem de um acadêmico legitimado por sua experiência no centro do mundo desenvolvido (nossa eterna obsessão) e não na periferia brasílica.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">O cara critica acidamente as pesquisas brasileiras realizadas na área da administração. Mas creio que suas imprecações devam também valer para os demais campos de conhecimento, em particular, para as ciências humanas nacionais. O mal é mais abrangente do que se supõe à primeira vista.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Reproduzo aqui seus argumentos centrais, conforme o texto do articulista citado:</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">1. O jogo de pontinhos da CAPES (relativo ao desempenho geral dos acadêmicos e às várias formas de veiculação das pesquisas realizadas nos cursos de pós-graduação) é uma patologia que pode ser fatal.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">2. Trata-se de um sistema pretensamente racional, mas que induz a quantidade em prejuízo da qualidade.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">3. A exigência de constante publicação feita pela CAPES leva à proliferação de revistas pseudocientíficas.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">4. </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Tudo isso multiplica as irrelevâncias pseudoeruditas divulgadas em artigos que ninguém lê.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">5. O sistema leva à formação de uma geração de burocratas da pesquisa, um grupo frágil e cavernícola, incapaz de de entender e explicar o mundo real. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">6. O sistema serve para conseguir pontinhos e cada vez menos para saber o que pesquisar e como pesquisar.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Já cansei de dizer a mesma coisa, mas além de ser chamado de retrógrado, me acusam de ignorar que a "<em>CAPES somos nós</em>". Não ignoro essa trivialidade, ao contrário, procuro combater tal modo de cooptação dos pesquisadores pela doença tecnocrática. Con</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">cordo também com Prochno quanto ao surgimento da casta de burocratas da pesquisa. Basta observar como funcionam os conselhos de pós-graduação, os órgãos de pesquisa da universidade, os comitês de área da <em>CAPES somos nós.</em></span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Como professor que acompanha e participa da pesquisa em História desde os anos 80, há muito tempo que não tenho contato com trabalhos verdadeiramente relevantes, ou no mínimo estimulantes. A pesquisa na minha área se tornou medíocre, tediosa. Falta inventividade, criatividade, aderência à vida e aos sonhos.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Lastimo o fato de que o MEC, sob o governo Lula, não alterou esse quadro desolador. Espero que Dilma o faça. Só que para isso a comunidade científica terá de pressionar o governo.</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> Haverá tal atitude?</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> Não creio. A casta burocrática da pesquisa tanto</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> se alimenta do tal sistema de avaliação quanto enreda a todos em sua teia.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Enquanto isso, fico na minha. Publico apenas o que julgo digno de publicação. Quanto ao sistema, desejo que exploda, para não dizer outra coisa: que se foda.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-14679001816140720472010-10-08T21:58:00.004-03:002010-10-08T22:30:35.814-03:00Do bem e do mal<div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>Duas faces do eleitorado de Marina</strong></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Tenso e faminto na reta final da apuração do primeiro turno, saio para comer alguma coisa numa loja de conveniência. Enquanto devorava o sanduba armazenado desde o dia anterior, definia-se o quadro eleitoral: haveria segundo turno. Ao pagar a conta, a moça do caixa, eleitora de Marina, muito provavelmente evangélica, demonstrou sua indignação com o resultado: "<em>Nessa Dilma bandida eu não vou votar</em>". Puto da vida, mas com um pouco de sangue frio, perguntei qual a razão. A resposta veio rápida: "<em>Ela vai liberar a maconha, essa cafajeste</em>". Lancei sobre ela um olhar envenenado e sai. O que mais poderia fazer diante de tamanha ignorância social, cultural e política?</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Demorei pra dormir. Ainda atônito, fiquei no twitter à procura de informações, de avaliações sensatas, de alguma esperança de Brasil. Foi então que soube das notícias que circularam pela blogosfera e nos panfletos distribuídos nas portas das igrejas nos dois dias antes da votação. Letras sujas de uma moral hipócrita, textos difamatórios sobre a vida íntima de Dilma Rousseff, denúncias torpes anônimas, a mais profunda sordidez. Tudo aquilo que se repete há mais de cem anos, sempre quando alguma força social majoritária ameaça a ordem dominante secular. E acompanhei também as centenas de mensagens escritas no calor da hora. Algumas delas vinham de uma twiteira sempre frequente, outra eleitora de Marina - uma ecologista sincera de Mato Grosso que lançava ao mundo sua desolação em face da não ida da sua candidata ao segundo turno (ingênua, ela acreditou nisso). Seus posts irados: "<em>Não votarei em Serra nem em Dilma. Que se fodam juntos". "Que a direita e a esquerda se matem</em>.<em> Não contem comigo</em>". Arrisquei o argumento ponderado de que nunca existiu centro nem terceira via ou onda verde, que o PV estava a serviço do Serra. Desisti. Ela não compreenderia.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">As duas eleitoras raivosas representam bem a dupla face do eleitorado marinense a ser conquistado, ai de nós: de um lado, a ignorância bárbara, primitiva e supersticiosa de alguns segmentos da população pobre alimentada pela miséria religiosa dos modernos templos eletrônicos; de outro, a ideologia conservadora das classes médias insuflada pelo terror das mídias e pelo ecocapitalismo despolitizado. Ambas alienadas e oportunistas.</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;"><strong>O cristão anticristo</strong></span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Se é para operar com os preceitos religiosos, se é para permanecer nas trevas midievais da modernidade brasileira, digamos de vez: <em>Serra é o anticristo</em>, como ironizou Jacques Wagner. Se Cristo estava do lado dos oprimidos, Serra sempre esteve do lado dos poderosos, do mal. Serra é um homem mau. Ressentido, vingativo, vaidoso.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Cheguei a vê-lo de perto. Integrei a comissão de docentes das três universidades públicas paulistas (UNESP, USP e UNICAMP) formada para negociar com ele uma saída para a grave crise instalada no início do seu mandato como governador de São Paulo. No primeiro dia da sua gestão, na calada das férias, Serra surpreendeu a comunidade universitária com um decreto que suspendia a autonomia universitária, em vigor desde a redemocratização do país. Nem mesmo Maluf ousara fazê-lo. Serra o fez, como mais tarde desrespeitaria o princípio da nomeação do candidato mais votado da USP, com isso igualando-se a Maluf</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">. Ao</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> d</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">ecretar o fim da autonomia universitária,</span><span style="font-family: Trebuchet MS;"> detonou uma onda de mobilizações e de protestos estudantis sem precedentes desde os anos 70. E se não fosse o bastante, Serra autorizou a invasão policial do câmpus universitário, fato inédito desde a ditadura.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Mas como já disse acima, chegue</span><span style="font-family: Trebuchet MS;">i a vê-lo de perto. Diante de dezenas de professores, alguns deles do próprio PSDB ou de sua base de apoio, todos contrários ao decreto. Vi sua figura acuada, vingativa, pálida tendo de ouvir os discursos inflamados e unânimes contra sua insensatez. Serra é isso. O mal que deve ser enfrentado. Vencemos naquele caso.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Pude vê-lo outra vez no palácio, desta feita pela tv. Cercado pelos professores da rede pública. Imaginei-o novamente acuado, pálido. Mas também vingativo, a ordenar por telefone a repressão brutal contra os manifestantes. E ainda noutra oportunidade, a autorizar o enfrentamento da polícia. "<em>Pau neles</em>", provavelmente ordenou. Pálido, acuado, mas vingativo. Como Hitler em seu bunker. </span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Serra é isso. O mal que deve ser enfrentado. Venceremos.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-7011986693632368862010-10-04T22:25:00.000-03:002010-10-04T22:25:17.167-03:00Ne me quittes pas<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Hoje, nada. Ao volante, por quatrocentos quilômetros, escrevi duas matérias mentalmente. Aliás, sempre faço minha escrita inicial na cabeça, com pontos, vírgulas e demais símbolos de sentimento. Um post seria sobre política, outro sobre profissão. O primeiro, obviamente, trataria das questões do segundo turno para a presidência - minha modesta contribuição ao debate. O previsto para o dia seguinte seria mais pessoal, mas nem tanto: envolveria uma tomada de decisão, um fechar a porta definitivamente, um não olhar pra trás. Prometo ainda publicá-los aqui.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Hoje, tudo. Véspera do dia da ruptura, meu coração anda meio doído, embora calmo e racional. Por isso, nada de política. Preciso de um pouco de lirismo, acho que muita gente também, especialmente depois das emoções de ontem. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Assim, ofereço uma das minhas canções preferidas, acho que igualmente de muita gente pelo mundo. Ela que talvez seja considerada uma das maiores do cancioneiro universal. Não planejei trazê-la aqui. Ela é que estranhamente me cai por acaso toda vez que sangro: <strong>Ne me quittes pas</strong>, de Jacques Brel, que foi gravada por grandes intérpretes em todos os continentes: Edith Piaf, Nina Simone, Nacha Guevara, Sting, só pra lembrar alguns. No Brasil, há interpretações memoráveis na voz de Cauby Peixoto, Ângela Ro Ro e, mais recentemente, de Maria Gadu, que deu um molejo moderno e nacional à música.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Já que não posso postar todas as interpretações, deixo aqui três das que mais aprecio: do próprio compositor, da inesquecível Maísa, e de uma Alcione já eternizada de tão cult ...</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/dcvebWp8GtU?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/dcvebWp8GtU?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/8gtOXoXeWQc?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/8gtOXoXeWQc?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/4AEUzoNWaDQ?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/4AEUzoNWaDQ?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-11599944453463056132010-10-01T20:34:00.002-03:002010-10-02T15:06:15.499-03:00Pai, perdoe os pequeno-burgueses desencantados!<div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Um historiador, colega meu, que no passado se imaginou de esquerda mas nunca sujou as mãos por esse ideal, me disse estar desencantado com a política. Por isso decidiu votar em Marina Silva - segundo ele, a única candidata ética e moderna desta eleição.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Do alto da minha compaixão dalailamiana, respeito sua opção, embora considere por demais frouxos os seus critérios de escolha. Compreendo também porque a Madre Teresa de Araque ou Seringueira da Natura consiga arrastar votos da classe média dita intelectual. Ela representa bem a consciência arrependida de tal segmento. Radicais de grife, os intelectuais pequeno-burgueses precisam de uma bandeira pretensamente moderna e imaculada para aparar seu medo de mudanças sociais, seu preconceito para com os pobres. Ninguém melhor do que uma cabocla para canalizar esse sentimento, essa ideologia. Mas uma cabocla pobre ascendida ao mundo da classe média. Uma cabocla pobre mobralizada e dotada de um vocabulário irretocável. Já prestaram atenção na linguagem da Marina da Selva global? Por que o uso de um português tão escorreito, quase arcaico, ainda que tão artificioso e impopular? Distinção social de formato simbólico, diria o beato Pierre Bourdieu. Por que a imagem impoluta e os trajes rústico-assépticos de pastora? Mas, o que importa saber, sobretudo, é: o que fará ela na presidência, além de flexibilizar a legislação trabalhista (bandeira do PSDB) e de reciclar o capitalismo com a abertura de possibilidades ao empresariado ávido pela exploração de produtos maquiados de natureza?</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Oh Grande Lacan! Derrube com seu sopro profano o frágil pedestal onde se ergue essa linguagem superegóica, esses instintos recalcados, essa ideologia mobralesca, essa moral de sujeita suposto saber!</span></div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Outro amigo meu, depois de um longo e tenebroso inverno, deixou no último post um comentário que aqui reproduzo: </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;"><span style="font-size: x-small;">"</span><em><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">A Marina vai flexibilizar as leis trabalhistas</span>. <span style="font-size: x-small;">A Dilma não vai fazer a reforma agraria, urbana e nem passar a jornada de trabalho para 40 horas semanais. O Plinio não vai revogar o capitalismo com uma canetada. Só o Serra pode fazer alguma coisa: dar continuidade ao desmanche do Estado, dos serviços públicos, o que nos torna cada vez mais dependentes enquanto nação, retira direitos aos que ja não possuem nada... torna os ricos mais ricos etc etc</span></span></em><span style="font-size: x-small;">".</span></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Tenho de concordar com algumas das suas afirmações, mas discordo absolutamente da sua conclusão implícita: o voto nulo? Pois, evidentemente, todos os candidatos transitam no horizonte da reforma e não da revolução. Dilma, o PT e os aliados igualmente não propõem revolução. No entanto, retomam o projeto de um Estado social indutor do desenvolvimento nacional e distribuidor de renda. É pouco? Nada disso. Significa muito no caso brasileiro, tanto que desde 64 - e muito antes - os grupos retrógrados tudo fizeram para impedi-lo. As massas sabem disso.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Serra e Marina não se afastam dos postulados neoliberais do Estado mínimo, a segunda com fachada mais moderna. Plínio, disfarçado de radical, nada tem a oferecer a não ser um sonho de revolução pela caneta, na prática, um moralismo denuncista tipo Heloisa Helena, católico e evangelizador. Se fosse o caso revolucionário, prefiriria o o anacronismo do PCO, do PCB e do PSTU, não soubesse eu, por experiência militante num destes partidos décadas atrás, que eles não tem nada a propor além da ideologia. Ideologia como falsa consciência, isto é, negadora da realidade, da situação social objetiva, nacional e internacional, da correlação de forças, dos sonhos (inclusive de consumo) da população pobre no mundo hoje.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">A pequena burguesia ideológica é assim mesmo. Anda sempre com um amparo suprarreal. Sinal de arrependimento, sinal de má consciência, sinal de conservadorismo.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Oh Santos Marx e Lênin, que tão bem compreendestes a face nefasta da pequena burguesia! Extirpai-a da história.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Oh Profeta Nietzche, que como ninguém denunciaste a covardia e o instinto de morte dos que se imaginam civilizados e conscientes da história!</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS;">Oh Salvador Supremo, perdoai-os, eles não sabem o que dizem!</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2073211886958885351.post-75742716769456729122010-09-29T21:28:00.000-03:002010-09-29T21:28:05.560-03:00Sob a chuva vermelha<div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">A volumosa chuva sobre o Anhembi na última segunda feira à noite não afastou as dezenas ou centenas de milhares de pessoas presentes no último comício da campanha de Dilma e Mercadante. Eu também estava lá a observar aquela multidão na maioria negra, mulata, pobre, periférica com suas bandeiras agitadas. E enquanto aquela massa compacta se estreitava, cantava e gritava com sincera espontaneidade, tão diferentemente dos blocos comandados de cabos eleitorais comprados pelos partidos sem gente de verdade, eu dialogava com meus demônios imaginários.</span></div><div align="justify"><span style="font-family: Trebuchet MS;">E achei bonito o reencontro da nação com sua história, reencarnada no Estado social trabalhista, única via de emancipação do Brasil e do seu povo. Digam o que disserem, evoquem as novas teses subjetivistas, voluntaristas e elitistas da história, proclamem as virtudes do neocapitalismo verdedesign da natura, permanecerei eu sob essa chuva vermelha.</span></div>Impertinênciashttp://www.blogger.com/profile/00480257858610449651noreply@blogger.com1