O fim de ano se aproxima e, mais do que nunca, é preciso ser feliz. Há oferta de todo tipo e gosto para atingir esse sentimento obrigatório.
Já se sabe hoje, felizmente, que a felicidade não depende só da riqueza, embora todos estejam de olho no milhão oferecido pela Fazenda. Adriana Bombom foi precocemente eliminada do programa, mas persistente como é, não abandonará a meta muscular-exibicionista de felicidade. Cuidado, porém: como diz Márcia Goldschmidt, tal estado não depende unicamente da aparência externa. É claro que ela é necessária e pode mesmo ser obtida, de modo express, com pequenos procedimentos cirúrgicos e maquiláticos. Sua teoria, porém, é a de que a mudança externa deve ser acompanhada de uma transformação interna. Basta seguir seus conselhos terapêuticos pelo celular.
Juliana Gimenez é outra que contribui para a emancipação humana rumo à felicidade. É capaz de transformar esposas-bagulho em aviões dignos de calendários para a masturbação de borracheiros. Afinal, todas e todos nós temos fantasias imprescindíveis para a auto-realização.
Nunca antes na história - que bom -, alguns termos e conceitos, antes circunscritos ao vocabulário científico, se tornaram tão populares. Exemplo disso é prefixo auto, que já não é usado apenas para se referir ao automóvel, outrora uma fantasia limitada aos ricos. Serve também agora para introduzir outros vocábulos de alcance público, por exemplo, estima e confiança. Como aparece nos anúncios das clínicas especializadas em carga dentária imediata para recuperar a autoconfiança dos banguelas. Ou nas propagandas de aparelhos e corpetes milagrosos para disfarçar a gordura e assim melhorar a auto-estima (também chamada de baixo-estima).
Outra palavra democratizada é a libido. Tem até um japonês que vende erva na televisão para a melhoria dessa instância antes tão combatida pelos católicos. Mas hoje os padres são mais modernos e, em particular, aqueles cantantes, já admitem que o sexo é bom para um casamento feliz. Os pastores eletrônicos vão ainda mais longe e tratam abertamente das questões sexuais de forma pública e interativa no fala que eu te escuto.
A terapia chegou à boca do povo, nas suas variadas modalidades: terapias cognitivas, medicamentosas, instantâneas, externas e internas, budistas, evangélicas, católicas, espíritas...
Oremos ao céu, onde vive o grande terapeuta. Sem deixar, é evidente, de dar uma espiada no shopping, pois um simples sapato novo também tem o dom de elevar nossa autoconfiança. E isso já é um passinho a mais rumo à grande felicidade que reinicia no natal e no ano novo.
Já se sabe hoje, felizmente, que a felicidade não depende só da riqueza, embora todos estejam de olho no milhão oferecido pela Fazenda. Adriana Bombom foi precocemente eliminada do programa, mas persistente como é, não abandonará a meta muscular-exibicionista de felicidade. Cuidado, porém: como diz Márcia Goldschmidt, tal estado não depende unicamente da aparência externa. É claro que ela é necessária e pode mesmo ser obtida, de modo express, com pequenos procedimentos cirúrgicos e maquiláticos. Sua teoria, porém, é a de que a mudança externa deve ser acompanhada de uma transformação interna. Basta seguir seus conselhos terapêuticos pelo celular.
Juliana Gimenez é outra que contribui para a emancipação humana rumo à felicidade. É capaz de transformar esposas-bagulho em aviões dignos de calendários para a masturbação de borracheiros. Afinal, todas e todos nós temos fantasias imprescindíveis para a auto-realização.
Nunca antes na história - que bom -, alguns termos e conceitos, antes circunscritos ao vocabulário científico, se tornaram tão populares. Exemplo disso é prefixo auto, que já não é usado apenas para se referir ao automóvel, outrora uma fantasia limitada aos ricos. Serve também agora para introduzir outros vocábulos de alcance público, por exemplo, estima e confiança. Como aparece nos anúncios das clínicas especializadas em carga dentária imediata para recuperar a autoconfiança dos banguelas. Ou nas propagandas de aparelhos e corpetes milagrosos para disfarçar a gordura e assim melhorar a auto-estima (também chamada de baixo-estima).
Outra palavra democratizada é a libido. Tem até um japonês que vende erva na televisão para a melhoria dessa instância antes tão combatida pelos católicos. Mas hoje os padres são mais modernos e, em particular, aqueles cantantes, já admitem que o sexo é bom para um casamento feliz. Os pastores eletrônicos vão ainda mais longe e tratam abertamente das questões sexuais de forma pública e interativa no fala que eu te escuto.
A terapia chegou à boca do povo, nas suas variadas modalidades: terapias cognitivas, medicamentosas, instantâneas, externas e internas, budistas, evangélicas, católicas, espíritas...
Oremos ao céu, onde vive o grande terapeuta. Sem deixar, é evidente, de dar uma espiada no shopping, pois um simples sapato novo também tem o dom de elevar nossa autoconfiança. E isso já é um passinho a mais rumo à grande felicidade que reinicia no natal e no ano novo.
ahh opressão maquiavélica da famigerada felicidade, que elimina o espaço CRIATIVO entre a afetação e a ação... as felizes vaquinhas coladas na paisagem...
ResponderExcluirEG
Meu lado masoquista regozijou com esse texto ácido! É verdade que as terapias do tipo "concerta" pululam. E que temos as frases prontas para cada situação que exige consolo. E que todos se sentem mais ou menos "curandeiros" da dor alheia. E que tudo virou depressão e solução para ela. E que a dor não tem mais lugar: ninguém atura alguém que não É FELIZ. Ninguém se permite o tempo da insatisfação, do vazio, vamos preenchendo o tempo de coisas inúteis, e a existência perde o rumo. O Concerta não é uma metáfora: tem um remédio com esse nome...
ResponderExcluirVocê conseguiu descrever a atmosfera sufocante do mês do dezembro, em particular o natal. E a obrigação da felicidade contagia o restante do ano.
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