Não foi só este blog que andou infestado de fantasmas nas últimas semanas. Quase toda a mídia nacional também foi invadida por espíritos vestidos de lençóis esvoaçantes e outros personagens monstruosos. Ocorre que, na maioria dos casos, os meios de comunicação já estabeleceram faz tempo um pacto com o universo sinistro do além. Não é o caso desta página. Este é um espaço decididamente aberto aos caça-fantasmas.
Como já disse noutro post, as manifestações irracionalistas, sob qualquer roupagem ou fisionomia, devem ser combatidas, pois sempre estão a serviço da bárbarie cultural e política. O pensamento conservador da direita se alimenta desse tipo de detrito encontrado no imaginário social, nas seitas e superstições obscurantistas. Fazem questão de mantê-lo vivo para o usar quando preciso. Nunca é demais lembrar o exemplo máximo do irracionalismo nazista.
A Veja, principal representante da mídia golpista, usou abertamente desse expediente para assustar o eleitorado brasileiro. Aliás, o candidato apoiado pela revista e seu vice também embarcaram desavergonhadamente nessa canoa furada, espalhando o medo como estratégia de campanha. Medo da censura, das FARCS, do narcotráfico, da latinoamérica, do aborto, dos sindicatos, dos sem-terra, dos gays. Ressuscitaram Regina Duarte. Darão um tiro no próprio pé, tenho certeza, mas por enquanto não custa denunciar seus propósitos.
Felizmente, no entanto, outros veículos de comunicação entraram na corrente caça-fantasma. É o caso de Isto é, que traz na capa do seu último número uma chamada com esse teor. E também da Carta Capital, que além de revelar explicitamente sua adesão à canditatura Dilma, vem denunciando sistematicamente os factóides criados pela imprensa marron udenista.
Recomendo com entusiasmo a leitura de algumas matérias da Carta desta semana, especialmente Fantasmas à solta, na qual Sérgio Lírio desmente com fatos irrefutáveis a tese, defendida pela oposição, de que a liberdade de imprensa correu risco no governo Lula e estará sob ameaça num eventual governo Dilma. Não deixem também de ler o editorial em que Mino Carta discorre sobre o oportunista Índio da Costa, e de sobremesa, o artigo José Serra, entre drogas e alucinações, assinado por Wálter Fanganiello Maierovitch. Como aperitivo deste texto, ofereço ao leitor a primeira frase:
"Quando ministro da pasta da Saúde, o atual candidato José Serra jamais se preocupou com a questão das drogas ilícitas, no que tocava ao tratamento do dependente químico e psíquico e na formação dos agentes de saúde. Sua gestão, no particular, foi marcada pelo descaso e pelo desrespeito aos direitos humanos".
Segundo o articulista, Serra veste sua indumentária fundamentalista, higienista e populista, usada também como prefeito da capital e governador paulista. Ao invés de combater causas, preferiu estabelecer leis secas e autoritárias (acrescento a do fumo) e expulsar carentes, drogaditos e alcoolistas dos viadutos e das ruas. Carlos Lacerda fez melhor: os jogou no mar.
Tem vampiro de toda a espécie no mundo. Não podemos lhes dar trégua. Contra sua irracionalidade pontiaguda, vale sempre o bom alho da razão crítica.
P.S. As queridas Imaculada Conceição e Camila deixaram comentários críticos às postagens anteriores. Assim que é bom. Mas quero esclarecer que, ao combater o irracionalismo, não proponho nenhum tipo de repressão aos cultos religiosos. Se apoiei a proibição do uso da burca em lugares públicos da França é porque lá se tem claro o que é público e o que é privado. Estado laico e não religioso. Nenhuma restrição ao islamismo. No caso brasileiro, em que as duas esferas parecem indistintas, as seitas religiosas, sob os auspícios do poder e em conluio com ele, privatizam os ares e as transmissões e invadem a sociedade com o seu obscurantismo. São seitas maléficas, sim, sem exagero. O mesmo vale para a universidade pública. Que então se limitem ao espaço das universidades confessionais. Ou criem suas próprias. Queridas, mantenho meu ponto de vista, mas adoro debater.
P.S. As queridas Imaculada Conceição e Camila deixaram comentários críticos às postagens anteriores. Assim que é bom. Mas quero esclarecer que, ao combater o irracionalismo, não proponho nenhum tipo de repressão aos cultos religiosos. Se apoiei a proibição do uso da burca em lugares públicos da França é porque lá se tem claro o que é público e o que é privado. Estado laico e não religioso. Nenhuma restrição ao islamismo. No caso brasileiro, em que as duas esferas parecem indistintas, as seitas religiosas, sob os auspícios do poder e em conluio com ele, privatizam os ares e as transmissões e invadem a sociedade com o seu obscurantismo. São seitas maléficas, sim, sem exagero. O mesmo vale para a universidade pública. Que então se limitem ao espaço das universidades confessionais. Ou criem suas próprias. Queridas, mantenho meu ponto de vista, mas adoro debater.
O mundo é de fato um amontoado de vampiros e sugadores.
ResponderExcluirDesde pequenos à grandes objetivos.
Os piores são os de gravata e terno.
Belíssima crítica.
Abraços!
Obrigada, Celso, pela gentileza desta nota em seu blog! Creio que compreendo o que você quis dizer... Na verdade, o limite entre a razão e a desrazão ou a irracionalidade, como preferir, é bastante tênue... É como você lembrou: o Nazismo, p.ex., tem toda uma aparência de racionalidade para sustentar atos completamente irracionais. E quando eu falei de "exagero" é claro que não me referi ao que você de fato critica (que é o uso do poder - político - da Igreja - ou das igrejas etc. - numa esfera que não lhe diz respeito: a das decisões na esfera política do Estado, nas pesquisas científicas etc.).
ResponderExcluirP.S. Gostaria também de colocar aqui uma nota (pra completar a do texto anterior): Embora, de fato, eu puxe a sardinha pro lado de minha fé (cristã/católica), minha tese fala na verdade do conceito de "razão" dentro da história filosófica ocidental - e sua relação com o conceito de "Deus". É sobre os Pensamentos de Blaise Pascal, mas tem um pé em Nietzsche e outro em Sto. Agostinho, e é fundamentada em Kant ("meu" Pascal é quase um Kant! Tudo bem, Kant também era cristão, embora não fosse católico... E você não tem fé nenhuma, parece-me... rs ...mas creio que compreenda...)! Enfim... Minhas desculpas por fazer propaganda de uma tese com o nome "Deus" na capa aqui no seu blog, mas achei que devia completar os "dados" - i.e., dizer que minha tese, na verdade, não fala de “religião”! Mas também se falasse... ;)
Um abraço!
O multifacetado...
ResponderExcluirnem sempre é fragmentado!
abraço
Olá Antonio,fico feliz de encontrar mais este espaço alternativo que trabalha na contramão da mídia golpista. É fundamental que mais e mais vozes bradem contra a ditadura que meia dúzia de famílias impõe sobre a veiculação da informação.
ResponderExcluirSou novato na blogosfera mas vou linkar o teu blog para que meus seguidores também tenham o privilégio de ler tuas postagens.
abraços