Já não somos mais o país da alegria e da cordialidade, do futebol e do samba. A derrota na copa abriu nosso portal macabro. E soltou as feras, os monstros, os vampiros que habitam cada um de nós. Nossos instintos facínoras estão finalmente nas telas. Ingressamos nas trevas midievais.
Hitchcocks de terceira categoria disputam sofregamente a direção dos festins diabólicos e das psicoses nacionais. Ao vivo, içam carros nas represas, prendem cães assassinos, farejam carne e sangue. Narradores de plantão, delegados gagos, psiquiatras bigodudos, doutores segurança, repórteres porta de cadeia e clarividentes disputam um naco do espaço publicitário. O mesmo espaço que ergueu e vitimou as marias chuteiras, que criou os moleques psicopatas vindos dos confins da livre escravidão. Mamãe, quero ser modelo! Mamãe, quero ser goleiro! Mamãe, quero ser polícia e advogado!
Resta saber o que é esse fenômeno, o que produz e a quem interessa. A capa do último número da revista Veja dá uma pista. Em diferentes tons de vermelho, tendo ao fundo uma estrela, exibe algumas das cabeças da mitológica hidra, completadas com a manchete: O monstro do radicalismo: a fera petista que Lula domou agora desafia a candidata Dilma. No alto da página, outras chamadas trazem a foto do goleiro Bruno e de uma cena da nova série de filmes sobre vampiros. A associação entre essas imagens nada tem de mera coincidência.
Não tenham dúvidas: a exploração da irracionalidade humana, as ameaças apocalípticas sempre podem ter alguma utilidade para os adeptos da direita. A história está repleta de exemplos desse tipo. Ali está o mal em toda sua pureza.
É com luzes que se combate as trevas, luz cristalina do belo, da verdade, do saber... não luz do fogo que tudo queima e ruina.
ResponderExcluirOlá Antônio,
ResponderExcluirGostei de teus textos atuais e com escrita dramática. No que diz respeito à "país da alegria e da cordialidade, do futebol e do samba", fico a pensar nos responsáveis por estatísticas e pesquisas aqui. Alegria e cordialidade será? Fruto de uma sociedade a margem da dignidade, onde sempre precisa dar um "jeitinho" para tudo, aí ri de si própria, tornando-se até simpática. O futebol, esporte de baixo custo, agregador da classe inferior, despontou para estrelato e aí todo mundo queria ser Pelé e Samba? Misericórdia ... bunda e afins, sucesso garantido para quem? estrangeiros? seus herdeiros os pagodeiros. Pois é ... nunca saimos das trevas medievais. Ah desculpe fui muito extensa. Beijo
O brasil nunca foi um país patriótico, muito menos um lugar de felicidade.
ResponderExcluirDesde muito tempo atrás isso aqui já era alvo de comentários. Desde a prematura "indepêndencia", do combate aos inimigos exteriores que chamaram de Ditadura, e hoje goleiros que assistem Jogos Mortais demais.
Sempre foi, e sempre será.
Agraço a visita ao meu blog e parabéns!