segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Meu coração no webometrics ranking web

Leio no ijornal que a USP caiu do 58º para o 122º lugar na classificação das universidades mais qualificadas do mundo. Perdeu, portanto, 64 posições, de acordo com o último ranking das melhores instituições de ensino superior divulgado pela Webometrics Ranking Web of World Universities. As instituições norteamericanas figuram no ranking até a 21ª colocação, com a Harvard University, o Massachusetts Institute of Technology e a Stanford University à frente. A primeira universidade europeia no levantamento é Cambridge, da Inglaterra. Na tabela específica da América Latina, cinco universidades brasileiras estão entre as melhores, embora a USP, primeira colocada na lista anterior, também tenha sido vencida no subcontinente pela Universidad Nacional Autónoma de México.
Muita gente do ramo nacional vai comemorar. O espírito da coisa é exatamente esse: competir. Que vençam os melhores! Eu, que sou de uma universidade coirmã (cuja família, naturalmente, tem lá suas rivalidades), também poderia fazer coro à celebração. No entanto, sinto dó. Não propriamente da USP. Mas de nós mesmos, acadêmicos ainda tão pouco adestrados para correr nesse jockey club global.
Informam os classificadores que o relatório leva em conta o desempenho global e a visibilidade das instituições na web, incluindo indicadores de pesquisa e qualidade de estudantes e professores. Me vem à mente a indagação de como são construídos tais indicadores, de como medir critérios de qualidade, de como aquilatar descompassos em termos de financiamento para o melhor desempenho de cada universidade, de como avaliar a pertinência das formas de inserção na web. Nada disso, entretanto, me importa. Deixo a tarefa para os especialistas, quem sabe interessados em acrescentar alguns pontos nos seus rankings de produção!
Prefiro refletir, aqui com meus botões e teclas, o que será das nossas ciências, histórias, filosofias, antropologias, literaturas, artes e poesias quando tudo for reduzido a miseráveis números, se é que já não o foram. Quando tudo passar a ser testado à prova da inovação, como já o é. Quando tudo tiver de ser internacionalizado, como já deve. Nesse caso, seremos apenas números marginais. Já somos.
Tento me refugiar neste blog e ainda passeio pelo twitter à cata de alguma ciência, de alguma história, de alguma poesia, de alguma expressão livre dessa febre irrefreável de medição e concorrência. Doce engano! Nenhuma página resta ilesa na grande quantificação universal. Só meu coração ainda sobra à margem.

Um comentário:

  1. Muito bom teu texto, Antonio. Concordo contigo... Os indicadores, muitas vezes, nos dizem muito mais deles mesmo do que daquilo que indicam...
    Abraço.

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