quarta-feira, 28 de julho de 2010

Te amo do que te odeio

Tem gente que ainda faz pensar. Como Slavoj Zizek, cujo sobrenome inclui acentos não aceitos no meu teclado espanhol. Peço perdão pela falha.
Zizek, mesmo sem acento, é professor titular de Sociologia da Universidade de Liubliana, na Eslovênia. Vindo lá daqueles confins - para nós do ocidente - construiu importante obra na qual dialoga intensamente com Lacan, Marx, Hegel e Scheling. Obra densa, difícil mesmo e que tá na moda. Um perigo!
Apenas comecei a ler um dos seus livros - Arriscar o impossível - composto de algumas conversas com Glyn Daly. E já de cara gostei de um trecho que deixo aqui pra reflexão coletiva:

"Para elaborar o papel da fantasia, o crucial é garantir a distinção elementar (que muitas vezes se perde) entre o objeto do desejo e o objeto-causa-do desejo. O objeto do desejo é simplesmente o objeto desejado - digamos, em termos sexuais simples, a pessoa que eu desejo. O objeto-causa-do-desejo, por outro lado, é aquilo que me faz desejar essa pessoa.
(...) Por exemplo, quando alguém está apaixonado por outra pessoa e diz: 'Eu o/a acho realmente atraente, exceto por um detalhe - não sei, sua maneira de rir, um gesto que ele/ela faz -, isso me incomoda'. Você pode ter certeza de que, longe de ser um obstáculo, trata-se, na verdade, da causa do desejo. O objeto-causa-do desejo seria essa estranha imperfeição que perturba o equilíbrio; só que, se ela for retirada, o próprio objeto desejado não funcionará mais, ou seja, não mais será desejado. É um obstáculo paradoxal, que constitui aquilo em relação ao qual é um obstáculo".

Mas não pensem que o tal paradoxo é percebido assim de modo tão claro e consciente pelo sujeito. Noutras passagens do livro, Zizek argumenta que só a psicanálise dá pistas para o conhecimento desse suposto autoengano. Pois vivemos dos nossos atos falhos.
O vídeo abaixo dá uma idéia do que pensa o filósofo. Embora demore um pouco para carregar, vale a pena ser visto:

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