quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O indizível

Tanta coisa a dizer depois de tanto tempo. Tanta que se esfarela em nada. E a quem interessaria ouvir mais um som de experiência incomunicável? Haverá mesmo um alguém do outro lado desse imenso confessionário? E se houver, para que acrescentar mais palavrocas à ruidosa surdina virtual? Não será melhor calar, se recolher à surdez humana?
Mas tenho um blog em branco e à espera. Do quê, desconheço. Então perambulo nas pequenas memórias soterradas de um mês. A praia em chuva, o desfile de carros, gentes e cães na ecologia da virada de ano, a virose que afasta o sabor da salivada paella, o shopping, os laptops e celulares beira-mar, o shopping lotado da periferia interiorana, o shopping lotado da classe média provinciana, o shopping lotado dos manos paulistanos. O garoto que sem querer mija nas calças diante do lanche e da mãe furiosa. E o terror do garoto com o brinquedo de plástico e o hamburguer emborrachado.
Nem direi nada dos livros que me mataram impiedosamente um dia, outro dia, ontem e hoje. Não, não direi que eles me levaram bem longe da vida esfuziante dos fantasmas. Direi somente que, na falta de alguma nova harmonia que me desse a sensação extraviada do silêncio, comprei um CD de Jards Macalé, o velho de guerra com o cigarro aceso no fundo do palco(?)mundo. Só porque ele cantava Ne me quitte pas, canção que de vez em quando deixo aqui de voz em voz para quem sabe que alguma melodia pode haver no universo. Aquela que interrompe o indizível e o incomunicável.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As impertinências voltaram

Assim como as andorinhas, as impertinências também voltaram. Como elas não combinam bem com a alegria de consumo do fim de ano, decidiram tirar férias sem avisar. Mas resolveram voltar desejando aos amigos e às amigas um feliz ano novo.
Que seja mesmo um ótimo 2011 para mim (que quase sucumbi no anterior) e tod@s vocês. Devagarinho, bem devagarinho vou chegando, como diria o poeta da Vila Isabel. A divagar.