quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Prezadas e prezados

Faz um mês que não posto nada, que nem abro meu blog. Primeiro porque eu já não estava conseguindo manter o ritmo de duas ou três postagens semanais. E para mantê-lo ia escrevendo muita bobagem. Segundo porque estou à frente de um trabalho institucional importante e temi que minhas opiniões aqui expostas pudessem ser interpretadas como posições oficiais. Ainda tenho esta dúvida, tanto que até peço sugestões de como fazer para que uma coisa seja separada da outra.
Mas hoje, ao abrir o blog e ler os gentis comentários das prezadas e dos prezados amigos, balancei outra vez. Não quero sem mais nem menos cortar nossos laços virtuais! Por outro lado, terei de ser mais prudente e também menos assíduo. Conseguirei? Por enquanto, dou mais um tempo a este espaço, quer dizer, a mim mesmo e a nós.
Agradeço pelas novas pessoas que adicionaram seus nomes aos parceiros do blog, agradeço também aos que postaram comentários, especialmente ao Lúcio que fez uma tese sobre tema do meu interesse (Lúcio, tentei enviar uma mensagem a vc hoje, mas o endereço que deixou deve estar incorreto).
De todas as coisas indizíveis a dizer de um mês ausente deste confessionário, me lembro de algumas que talvez possam interessar:
Dos filmes que vi, um deles me pareceu o melhor: Tetro, de Coppola. Acho que o poderoso diretor deixou sua obra definitiva. Um elogio à arte do cinema, à ópera, ao teatro (tetro= teatro?). Filmado na Argentina, tem cenas belíssimas da Patagônia. Coppola já pode morrer em paz.
Só garotos, de Patti Smith, é o meu livro desta estação quente paulistana. Foi Raquel quem me indicou. Demorei pra comprar, ressabiado. Achei que era bobagem, memórias piegas dos anos 60, melosidades pops. Tem um pouco disso, mas também tem coisa muito boa. Ainda sigo lendo... até uma opinião melhor.
Prezados e prezadas, tenho de tocar nuns assuntos desagradáveis. Desde já peço desculpas porque elas são fora da ordem:
Andei lendo um cara, um filósofo, que anda desmonstando nossas verdades dos últimos trinta anos. Ia guardar segredo, mas não consigo por muito tempo. Ele se chama Domenico Losurdo, é um italiano que se mantém fiel ao marxismo e denuncia o lixo da filosofia pós-estruturalista que virou moda no ocidente. Li duas das suas obras, recentemente publicadas no Brasil. Dois catataus enormes: Stálin: a história de uma lenda negra e Nietzche: o aristocrata rebelde.
Queridas e queridos, Domenico não deixa pedra sobre pedra da filosofia neoliberal hoje em voga (desconfio que nos seus estertores). Mais não digo, nem posso dizer. 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O indizível

Tanta coisa a dizer depois de tanto tempo. Tanta que se esfarela em nada. E a quem interessaria ouvir mais um som de experiência incomunicável? Haverá mesmo um alguém do outro lado desse imenso confessionário? E se houver, para que acrescentar mais palavrocas à ruidosa surdina virtual? Não será melhor calar, se recolher à surdez humana?
Mas tenho um blog em branco e à espera. Do quê, desconheço. Então perambulo nas pequenas memórias soterradas de um mês. A praia em chuva, o desfile de carros, gentes e cães na ecologia da virada de ano, a virose que afasta o sabor da salivada paella, o shopping, os laptops e celulares beira-mar, o shopping lotado da periferia interiorana, o shopping lotado da classe média provinciana, o shopping lotado dos manos paulistanos. O garoto que sem querer mija nas calças diante do lanche e da mãe furiosa. E o terror do garoto com o brinquedo de plástico e o hamburguer emborrachado.
Nem direi nada dos livros que me mataram impiedosamente um dia, outro dia, ontem e hoje. Não, não direi que eles me levaram bem longe da vida esfuziante dos fantasmas. Direi somente que, na falta de alguma nova harmonia que me desse a sensação extraviada do silêncio, comprei um CD de Jards Macalé, o velho de guerra com o cigarro aceso no fundo do palco(?)mundo. Só porque ele cantava Ne me quitte pas, canção que de vez em quando deixo aqui de voz em voz para quem sabe que alguma melodia pode haver no universo. Aquela que interrompe o indizível e o incomunicável.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As impertinências voltaram

Assim como as andorinhas, as impertinências também voltaram. Como elas não combinam bem com a alegria de consumo do fim de ano, decidiram tirar férias sem avisar. Mas resolveram voltar desejando aos amigos e às amigas um feliz ano novo.
Que seja mesmo um ótimo 2011 para mim (que quase sucumbi no anterior) e tod@s vocês. Devagarinho, bem devagarinho vou chegando, como diria o poeta da Vila Isabel. A divagar.