terça-feira, 2 de novembro de 2010

Yes, we can(nabis)

Yes, vencemos, yes, we can!
Passada a ressaca eleitoral, temos a garantia de que o programa de desenvolvimento econômico-social e redistribuição de renda está assegurado. Resta avançar em muitas outras áreas, entre elas a saúde e a educação. Resta avançar, sobretudo, na reforma política: criar condições para o fortalecimento de partidos políticos verdadeiros, impedir a proliferação de agremiações de aluguel, expandir a banda larga e a democratização das informações, rever a lei de concessão de canais de tv e de rádio, quebrar o monopólio da imprensa golpista, libertar a república do poder religioso, isto é, recriar a república laica.
O que de pior tivemos no recente processo eleitoral foi a exploração de temas morais e religiosos, que significou um profundo retrocesso político. Há muito tempo não se via no país semelhante apelação hipócrita. Do DEM não se podia esperar outra coisa. Mas a atitude do PSDB e do PV quanto ao assunto foi um verdadeiro espanto. FHC, Serra e Gabeira, notórios agnósticos, para não dizer ateus, se enlamearam no mais profundo primitivismo oportunista. E o que dizer desses homens esclarecidos quanto à exploração da condenação ao aborto, santo deus!
Por mais que o combate a essa hipocrisia não deva figurar como prioridade no novo governo, é preciso dizer que faz falta um choque de antihipocrisia moral. Bons tempos foram aqueles em que o PT dava espaço aos defensores de bandeiras como a da descriminalização do aborto e da maconha, por exemplo. Os petistas devem retomá-las, retirando-as das mãos de oportunistas de carteirinha, como Gabeira e Soninha Francine. O avanço social pressupõe o combate ao conservadorismo em todos os seus aspectos, principalmente, os morais.
Vejam o que acontece em outras plagas, notoriamente puritanas. Nas eleições de meio-termo na Califórnia, hoje, os eleitores também votarão sim ou não à liberação da maconha para fins recreativos (a cannabis já está legalizada para uso medicinal). Embora as pesquisas indiquem que a proposta seja derrotada por 7% dos votos, a realização do plebiscito, por si, já representa uma vitória. Outra é o fato de que personalidades do mundo empresarial, científico, intelectual e artístico têm se manifestado a favor e mostrado a cara. Muito diferente do que ocorre entre nós: conhecidos aborteiros e aborteiras, cocaínomanos e maconheiros se travestindo de bento XVI para angariar votos.
É esse tipo de choque moral antihipocrisia que faz falta por aqui. Porque yes, we can(nabis).


2 comentários:

  1. a Soninha vestindo a camiseta com a foto do Serra incorporou toda essa hipocrisia que norteou essa eleição! Temos que libertar a república dessas formas de pensamento retrógradas!
    um abraço Professor!

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