sexta-feira, 11 de junho de 2010

Um pouco do poeta maldito

Canção da Torre Mais Alta (A. Rimbaud)

Mocidade presa
A tudo oprimida
Por delicadeza
Eu perdi a vida.

Ah! Que o tempo venha
Em que a alma se empenha.
Eu me disse: cessa,
Que ninguém te veja:

E sem a promessa
De algum bem que seja.
A ti só aspiro
Augusto retiro.

Tamanha paciência
Não me hei de esquecer.
Temor e dolência,
Aos céus fiz erguer.

E esta sede estranha
A ofuscar-me a entranha.
Qual o Prado imenso
Condenado a olvido,

Que cresce florido
De joio e de incenso
Ao feroz zunzum das
Moscas imundas.

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