terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Lixeiros e homens




Barcelona nao tem mais lixeiros. Containers para a coleta seletiva foram espalhados pelas ruas à espera dos detritos depositados pelos próprios cidadaos. Mais tarde, caminhoes basculantes dotados de guindastes com imas virao buscá-los, sem que ninguém suje as maos. Dessa categoria associada à idéia de degradaçao, sobraram apenas os varredores de praça.
Além de limpa, a cidade oferece infra-estrutura impecável: asfalto perfeito, calçadas sem buracos, padronizadas e adaptadas a pedestres e cadeirantes, sinalizaçao clara, trânsito organizado. Nao há prédios degradados ou pixados. Tudo lembra atençao constante do poder público e da populaçao.
Nao quero parecer um turista colonizado e sob efeito do deslumbramento, mas nao resisto a perguntar: o que acontece conosco? É certo que também já vi cidades com inúmeros problemas, como Roma e Nápoles, nada que se compare, contudo, a Sao Paulo ou ao Rio de Janeiro.
Nestas, nao é só o lixo material que se derrama e apodrece a sol aberto, também o lixo humano que produzimos. Crianças se arrastam com cobertores imundos, drogaditos em bando putrefazem publicamente, hordas de sem-teto se amontoam em todas as marquizes, sob o Minhocao, ao relento.
O que acontece? Nao queremos ver nada. A classe média paulista se apega ao cancro político reacionário. Kassab, Serra e seus demoníacos destroem as políticas sociais iniciadas por Erundina e Marta, arrasam a periferia e o centro da capital paulista.
Se em Barcelona desapareceram os lixeiros, em Sao Paulo superproduzimos o lixo humano e a degradaçao.

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