quinta-feira, 11 de março de 2010

Volver a Piazzolla


Há coincidências inexplicáveis. Antes de ontem, em Assis, ouvi no carro de um amigo músicas de Astor Piazzolla, compositor ao qual volvo de vez em quando à procura da minha alma perdida. O  Cd tocava vários outros dos seus tangos, mas me lembrei de um que sempre me emociona: Vuelvo al sur. E como estava em atraso nas postagens do blog, sem muita idéia do que escrever, decidi, ao voltar a Sâo Paulo no dia seguinte, baixar nesta página um vídeo com tal música. Foi o que fiz hoje de manhâ. Abaixo dele, só fui capaz de acrescentar um elogio banal, composto apenas de duas palavras, uma das quais o nome do artista.
Ainda descontente com minha falta de inspiraçâo para compor um texto, andei peregrinando, instantes atrás, em busca de informaçôes sobre esse artista de que gosto tanto, ouço sempre, mas cuja biografia pouco conheço. Fui à inevitável Wikipédia, onde encontrei breves indicaçôes. Visitei ainda alguns blogs, mas nada de substancial achei.
Pensei em fazer algum comentário estético a respeito do tango de Piazzolla, sua modernidade e simultânea imersâo na tradiçâo. Conclui que seria bobagem. Gato velho escaldado, sei muito bem que nenhuma história da arte, nenhuma teoria estética, seja estética da recepçâo, seja sociologia da música ou semiologia será capaz de expressar, nem que num átimo de inteligência, o significado profundo da arte. Profissional cada vez mais cético em relaçâo aos poderes das tecnociências humanas, tenho seguido em vâo no encalço de virtudes artísticas compensadoras, que só encontro fora de mim e do meu círculo de trabalho. Paciência. 
No auge do meu desalento, e já a ponto de desistir da pesquisa, eis que bato o olho num detalhe que até entâo nâo havia percebido: a data de nascimento do compositor. Duvidei por um instante dessa estranha coincidência. Cheguei mesmo a consultar o celular para conferir a data de hoje, 11 de março, já meio ausente da minha memória, que dia a dia fica mais refratária à contagem do tempo. Mas era a mesma data - a do aniversário de Piazzolla. 
Semprei acreditei duvidando dessas coisas esótericas. Sei mesmo que nâo tem nada a ver, embora essa coincidência fortuita tenha me servido de muleta nesta hora de falta de assunto, de falta de inspiraçâo e de olhar (espero que provisório) de esgueio diante da ciência, da educaçâo, da política, da realidade do mundo, dos meus semelhantes viventes.
Apesar disso, prefiro crer, sob a invocaçâo de todas as entidades divinas, mágicas, sobrenaturais, superestruturais, sobrelunares do universo que, de algum lugar do infinito cosmos, Astor Piazzolla emitiu algum sinal ou algum som de bandoneon na minha direçâo. Me ergueu acima do prosaico e  trágico sublunar e me fez volver ao belo sul da irrealidade. E assim me salvou.

Um comentário:

  1. ASTOR PIAZZOLA,bons tempos, boa música!

    Estou lhe convidando para conhecer meu blog de humor.

    Ficarei honrado.

    Um abração carioca.

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