Para lavar a alma nada melhor do que uma canção italiana. Tive conhecimento deste compositor e intérprete em Roma, onde me alojei, na última semana de viagem, num colégio brasiliano de formação de padres. Ao indagá-los sobre o que rolava de boa música por lá eles me indicaram esta canção de Renato Zero, cantor quase desconhecido entre nós. Fui logo comprar um CD.
Zero é uma figura pop que lembra os nossos Renato Russo e Roberto Carlos, numa mistura inusitada. A voz e o estilo se parecem com o do primeiro, assim como certa tendência protestante em algumas das suas letras - palavra aqui empregada no sentido exato de quem protesta difusamente contra o mundo, e não na acepção religiosa. A semelhança com o segundo está no romantismo algo excessivo, que beira a breguice. A juventude italiana gosta muito dele, certamente não o público empinadamente cult.
Muito da música italiana tem, aliás, um quê de canastrice, de grandiloquencia, de exacerbação dos sentimentos. Eu gosto disso nos momentos preliminares de limpeza do corpo e do espírito, antes da meditação profunda. Tem o efeito de um sabão áspero para a limpeza grossa. Peço desculpas aos cults de plantão. Espero que os demais gostem.
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