sábado, 14 de novembro de 2009

O que pode estar em jogo na indicação do novo reitor da USP

Interrompo a linha dos posts anteriores para uma breve nota enragé a respeito da nomeação do segundo colocado na eleição para reitor da USP. Não vou chover no molhado sobre o grave precedente que o ato significa. Todos sabem muito bem. E principalmente o governador Serra sabe muito bem o que está fazendo. Não se trata de mera birra ou truculência política.
Trata-se da tentativa de implantação de um projeto que é claramente defendido por setores do PSDB: castrar a autonomia das universidades públicas e instituir progressivamente o ensino pago para determinados segmentos sociais. Tal projeto se casa perfeitamente com as políticas de desvalorização do ensino público em escala ampla desde o ciclo fundamental. Integra-se perfeitamente ao pensamento neoliberal, que apesar de ter feito água mundo afora, continua a ser a menina dos olhos dos ideólogos de um partido que se tornou o principal aglutinador da direita brasileira.
Serra tentou castrar a autonomia universitária já em sua posse, o que provocou um movimento de amplas proporções diante do qual teve de recuar. Os alunos estiveram à frente da mobilização vitoriosa - os mesmos alunos que pouco papel exercem na eleição interna da USP. Resta saber se agora serão novamente instados a defender a autonomia universitária e, simultaneamente, um sistema eleitoral que os alijou do processo decisório.
De qualquer modo, o ato de Serra não afetará apenas a USP. Mais cedo ou mais tarde, igualmente a UNESP e a UNICAMP e, se o PSDB retomar a presidência da república, o ensino superior brasileiro em geral, que nunca viveu um momento tão virtuoso como hoje.
Não devemos nos omitir nesse quadro. Convido-o(a)s ao debate e deixo aqui dois links sobre o assunto:



Um comentário:

  1. Antonio Celso,

    O PSDB é um desastre e o que aconteceu na USP é uma verdadeira hecatombe - que, no entanto, foi silenciada por dois motivos: (I) pela blindagem que o governador paulista sofre na mídia (II) pela posição cínica de parte da esquerda nacional que que confunde não concordar com o Governo Lula com fazer vista grossa para a direita.

    José Serra na sua sanha pelo poder se aliou com os setores mais retrógrados da política nacional que se possa imaginar; sua candidatura é a mais reacionária desde Collor em 89 - e nem se compara a de FHC que, apesar dos desatinos, ainda representou um certo progressos nos direitos civis e políticos.

    abraços

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