terça-feira, 6 de outubro de 2009

Exorcismos historiográficos: reflexões metereológicas sobre a historiografia

A historiografia, como de resto, quase todas as ias herdadas do século XIX ou mesmo de tempos mais remotos, também sofre os graves efeitos do superaquecimento global. O calor intenso parece provocar um rápido e generalizado esfriamento intelectual. 
Sem pretender retornar aqui às velhas teorias do determinismo climático, sou fadado a concordar com Bauman, aquele autor de best-sellers sobre o caráter líquido da sociedade atual. Embora o fenômeno também atinja sociólogos, filósofos, geógrafos e outros supostos humanistas, dou-me por satisfeito no momento em tentar caracterizar o que se passa em nosso domínio historiográfico.
Haveria todo um programa de estudos a realizar, mas o tempo é pouco e somos cada vez mais constrangidos a dar conta de mil e uma tarefas, o que nos leva a desviar do que realmente poderia fazer sentido. As metas que nos são impostas vão se tornando progressivamente mais difíceis. É claro que não chegamos ainda à insuportável situação dos bancários (que continuam em greve), cuja permanência no emprego está condicionada à conquista de mais e mais clientes e à venda de seguros de toda espécie, mas por certo não falta muito.
Voltando ao assunto, já tenho na cabeça um roteiro para tratar desta densa problemática. (Ops, escorreguei no uso dos termos  problemática e denso, cujos exemplares encontro pelo menos uma vez a cada página de tese. Questões semânticas que, aliás, farão parte do repertório de assuntos a examinar no meu programa de estudos). O blog talvez não seja o espaço mais apropriado para tema de tamanha magnitude, mas nos últimos tempos é o que me atrai. 
Aos meus poucos leitores e leitoras ofereço aqui um sumário introdutório e ainda não definitivo do que pretendo desenvolver nas postagens subsequentes. É claro que poderei mudar os títulos e a ordem dos temas ou mesmo os deixar de lado, provisoriamente, quando outra questão urgente exigir que eu me manifeste publicamente. Com esta ressalva, segue abaixo a pauta a ser enfrentada na continuidade dos exorcismos historiográficos:

1. O esvaziamento do problema e o surgimento do tema
2. Do excesso temático e da devastação da natureza
3. Jargões do telemarketing historiográfico
4. A importância do "e" nas novas temáticas historiográficas
5. O esfriamento dos conceitos
6. A nova história cultural e outras piratarias

Conto com todos vocês para este longo trabalho de reflexão.


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