terça-feira, 20 de abril de 2010

A fantasia de Helena

O título acima não tem nada a ver com a Helena do Manoel Carlos, embora pensando bem até possa ter. Andava eu a procurar algum poema ou alguma canção para dedicar a um amigo precisado, cujo nome, evidentemente, omitirei nesta página.
Foi fácil encontrar a bela canção que eu já conhecia e agora segue abaixo: Helena Helena Helena, composta por Alberto Landi e interpretada magnificamente por Taiguara, ambos já mortos. O primeiro, infelizmente pouco conhecido, foi assassinado no Rio de Janeiro em 2002. O segundo experimentou enorme sucesso com a gravação de Hoje e Universo no teu corpo, mas foi consumido por um câncer (1996) em plena maturidade artística.
Quando se fala de Taiguara, vêm à lembrança sua voz melodiosa e suas letras românticas. Mas ele foi, antes de tudo, um esquerdista combativo inúmeras vezes censurado pela ditadura. Em 1968, foi chamado a defender Helena Helena Helena no Festival de Música da Tupi, que incluiu em seu primeiro LP gravado em estúdio. Alberto Landi, o compositor da canção, era um jovem universitário igualmente romântico.
Daí nada demais, exceto perceber a persistência do romantismo no ambiente de vanguarda dos festivais universitários dos anos 60 e da própria esquerda estudantil. É um dos temas da pesquisa que, coincidentemente, venho fazendo há anos, mas que não interessa absolutamente neste blog.
O que eu queria era apenas dar um toque pra esse amigo e irmão. E se fizer algum sentido também a outros viajantes, sugiro que desliguem a razão e apenas ouçam esse velho sentimento fantasioso, como todo sentimento:

Talvez um dia, por descuido ou fantasia
Helena, Helena, Helena...
Nos meus braços debruçou
Foi por encanto ou desencanto
Ou até mesmo por meu canto ou por meu pranto
Ou foi por sexo ou viu em mim o seu reflexo
Ou quem sabe uma aventura ou até mesmo uma procura
Pra encontrar um grande amor

Mas hoje eu sei que um dia, por faltar telefonema
Helena, Helena, Helena...
Nos meus braços pernoitou
Foi por acaso, por um caso
Ou até mesmo por costume, pra sentir o meu perfume
Dar amor por um programa, dar seu corpo num programa
Hoje vai e nem me chama
Um adeus é o que deixou

Talvez um dia, por esperança ou ser criança
Deixei Helena, Helena...
Com seus braços me guiar
Fui sem destino, tão menino
E hoje eu vejo o desatino, estou perdido numa estrada
Peço ajuda a quem passa, tanto amor pra dar de graça
Todo mundo acha graça
Desse fim que me levou


Maria Helena e seus homens de renome
Entre eles fez seu nome
E entre eles se elevou
Foi sem amor, foi sem pudor
Mas hoje entendo o jeito desses pra salvar seus interesses
Dar seu corpo custa nada e com ar de apaixonada
Em suas rodas elevadas
Seu destino assegurou

Talvez um dia, por desejo de poesia
Helena, Helena, Helena...
Talvez queira dar a mão
Talvez tão tarde, até em vão
Quem saiba eu tenha um rumo à vista ou quem sabe eu nem exista
Ofereço este meu canto a qualquer preço, a qualquer pranto
Não quero amor, não se discute
Eu procuro quem me escute

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