Vi ontem no programa do Jô a entrevista de Marina Silva, virtual candidata à presidência da República pelo PV. Vestida de um azul esvoaçante sobre a pele morena e com os cabelos sobriamente presos, sua figura cearense, algo exótica, lembrava personagens a caminho das Índias. A voz suave, sintonizada com o corpo frágil, parecia espalhar mensagens de paz e equilíbrio budistas. O orgulho da mulher que soube superar barreiras sociais e culturais, bem como sua larga experiência entre os pobres da Amazônia, certamente ecoaram de modo profundo entre os espectadores.
A ex-ministra falou de Lula com delicadeza e tratou do seu ex-partido com ética e apreço, coisa rara ultimamente. Demonstrou ainda alto conhecimento da questão ambiental brasileira e defendeu ardorosamente os projetos que executou durante sua gestão ministerial, reconhecida no Brasil e no exterior. Apesar disso, manteve o tom monotemático, revelando-se incapaz de articular politicamente a causa ambientalista a projetos estratégicos de desenvolvimento nacional.
Seu nome tem saído com freqüência nas manchetes da mídia, suas aparições têm agitado os círculos tanto dos bem-intencionados defensores da causa ecológica, quanto dos oportunistas de plantão. Da aparência ao discurso, ela reúne boas condições para angariar uma fatia considerável dos votos de setores da classe média (especialmente do sudeste e do sul) sempre à procura de alternativas modernas para manter o status quo. Não serão poucos os que a elegerão como um caminho do meio, em face do inevitável confronto político desde já instalado entre os partidários do retorno ao moribundo projeto neoliberal e os defensores da continuidade do projeto neo-social (é esse o nome?) hoje em vigor.
Enganam-se, porém, os que acreditam que Marina Silva corresponde perfeitamente ao figurino etéreo acima descrito. Muito ao contrário disso, sua defesa da sustentabilidade ambiental expressa uma visão anticapitalista – sem qualquer sentido depreciativo-, até há pouco viabilizada (embora à custa de inevitáveis embates políticos) no programa estratégico do PT, que dificilmente se ajustará aos novos papéis que lhe querem atribuir: seja de ecologista franciscana, útil para aplacar a má-consciência burguesa, seja de coadjuvante verde na execução dos programas liberais de gerenciamento econômico, diga-se, do PSDB.
A ex-ministra falou de Lula com delicadeza e tratou do seu ex-partido com ética e apreço, coisa rara ultimamente. Demonstrou ainda alto conhecimento da questão ambiental brasileira e defendeu ardorosamente os projetos que executou durante sua gestão ministerial, reconhecida no Brasil e no exterior. Apesar disso, manteve o tom monotemático, revelando-se incapaz de articular politicamente a causa ambientalista a projetos estratégicos de desenvolvimento nacional.
Seu nome tem saído com freqüência nas manchetes da mídia, suas aparições têm agitado os círculos tanto dos bem-intencionados defensores da causa ecológica, quanto dos oportunistas de plantão. Da aparência ao discurso, ela reúne boas condições para angariar uma fatia considerável dos votos de setores da classe média (especialmente do sudeste e do sul) sempre à procura de alternativas modernas para manter o status quo. Não serão poucos os que a elegerão como um caminho do meio, em face do inevitável confronto político desde já instalado entre os partidários do retorno ao moribundo projeto neoliberal e os defensores da continuidade do projeto neo-social (é esse o nome?) hoje em vigor.
Enganam-se, porém, os que acreditam que Marina Silva corresponde perfeitamente ao figurino etéreo acima descrito. Muito ao contrário disso, sua defesa da sustentabilidade ambiental expressa uma visão anticapitalista – sem qualquer sentido depreciativo-, até há pouco viabilizada (embora à custa de inevitáveis embates políticos) no programa estratégico do PT, que dificilmente se ajustará aos novos papéis que lhe querem atribuir: seja de ecologista franciscana, útil para aplacar a má-consciência burguesa, seja de coadjuvante verde na execução dos programas liberais de gerenciamento econômico, diga-se, do PSDB.
Inteligente como é, Marina Silva sabe que seu projeto é para o futuro. Que se cuide o PV!
Acho que a Marina tem um discurso diferenciado daqueles que os movimentos de defesa do meio ambiente se apossaram na ultima década. Acho que não apenas pela trajetória de vida, o que não é condicionante imutável para a mudança radical de posições, mas sim, porque vem de uma região esquecida por nós, ou melhor, dos movimentos sociais esquecidos que lá atuam. Apesar de encarar a conjuntura com outros olhos para a próxima disputa eleitoral, acredito que Marina conseguirá trazer um debate de resgate sobre a questão ambiental, de questões esquecidas e não resolvidas que foram esmagadas pelo modelo de desenvolvimento que o país foi direcionado.
ResponderExcluirMas realmente, ela tem de articular seu discurso com uma alternativa de desenvolvimento viável para não ser estigmatizada como inviável, e mais, articular uma alternativa dentro do próprio PV, que na prática, ultimamente vem apoiando politicamente mais o modelo de devastação ambiental das representações industriais espalhadas pelas Assembléias Legislativas que mantendo o discurso de uma alternativa verde.
A viabilidade de uma Marina com força, deve passar pelo próprio retorno do PV a real militância do que defende, do contrário, nem a estrutura partidária conseguirá articular com coerência o discurso da possível candidata.
André, concordo com vc. Creio que a contribuição que Marina Silva poderá dar em 2010 é o debate sobre a questão ambiental e suas possibilidades e impasses dentro do paradigma de desenvolvimento atual. Resta saber se ela conseguirá fazer isso no PV, com ética, ou se será engolida pelo oportunismo desse partido de aluguel.
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