quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O longo adeus à história I


A contradição faz bem. Depois das várias perplexidades até agora expostas, que expressam o medo de se desenraizar do conhecido, salto a outro extremo. Se algo de precioso a passagem psicanalítica pode ensinar é a difícil arte de re-simbolizar o experimentado (inconsciente e consciente) para dele se desapegar.
Pausa para reflexão:

"Onde encontrar os mapas móveis desse espaço flutuante? Terra incognita. Mesmo que consigais por vossa própria conta alcançar a imobilidade, a paisagem continuará a fluir, girar em torno de vós, a vos infiltrar, a transformar-vos a partir de dentro. Não é mais o tempo da história, tendo como referência a escrita, a cidade, o passado, mas de um espaço móvel, paradoxal, que nos vem igualmente do futuro. Não o apreendemos como uma sucessão, só interrogamos as tradições, a seu respeito, por meio de perigosas ilusões de óptica. Tempo errante, transversal, plural, intederminado, como o que antecede às origens"
de Pierre Lévy, mas já de inteligência coletiva

Para Dennis, do curso de História de Assis. Peço o favor de avisá-lo.

3 comentários:

  1. Que grande honra!
    Você sabia que ele esteve aqui no mês passado para falar a respeito dos 10 anos do lançamento de "Cybercultura" aqui no Brasil?

    Esteve em Santos, acompanhado de Laymert Garcia dos Santos. Infelizmente não pude ir ve-lo ao vivo, contudo, os debates foram disponibilizados on line em tempo real. Algo que serviu para ao menos me satisfazer em partes.
    Esse conceito de "terra incognita" do Levy sempre me deixou com pulga atras da orelha, assim como os "espirais de moebius" dele.
    Não consegui pensar em nada criativo pra escrever aqui no momento que li esse post, mas ontem à noite me vieram certas idéias na cabeça. Estas não vem como resposta, mas sim como um desabafo em relação ao futuro obscuro (lenta morte?)e transitorio que nos aguarda.
    Certamente palavras irrelevantes, se comparadas às suas, mas aí estão elas...
    http://v4c4l0c4.wordpress.com
    Muito obrigado por lembrar de mim, ao ler este autor.
    abraços

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  2. O modo como se escreve a história não se sustenta mais nesse espaço-tempo flutuante mesmo. Realmente as categorias já dadas tentam em vão “carregar água na peneira”, como no poema de Manoel de Barros. Resta saber, se esse mal-estar será acolhido e elaborado como luto ou negado para virar melancolia. Dependendo da opção, talvez seja possível criar novos instrumentos capazes de apreender ou de se deixar estranhar por todas essas multiplicidades.
    “Enquanto a reação defensiva do eu consiste em um superinvestimento da representação do morto, o trabalho do luto é um desinvestimento progressivo desta.
    A imagem do ser perdido não deve se apagar; pelo contrário, ela deve dominar até o momento em que, graças ao luto a pessoa enlutada consiga fazer com que coexistam o amor pelo desaparecido e um mesmo amor pelo novo eleito” (Juan-David Nasio. A dor de amar)
    Tanto melhor se optarmos pelo trabalho de luto e deixarmos que algo novo surja. A sorte está lançada.

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  3. É curioso como aqueles mais diretamente ligados ao pensamento sobre a história evitam pensar sobre o seu esvanecimento dos padrões até agora conhecidos. Tenho refletido sobre isso há mais de 20 anos e nunca encontrei entre meus pares alguma possibilidade de conversa.
    Juliana captou a coisa.

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