segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

As rosquinhas de Sainte Geneviève





Nos arredores da Sorbonne, em busca dos paralelepídos rebeldes de 1968, encontro o inesperado: uma procissao católica.
As igrejas sao os poucos lugares públicos em que se pode entrar gratuitamente, pelo menos por enquanto. Além disso, servem também para se abrigar do frio. Sobreviventes de 1789 e de 1968.
Alcanço por acaso a de Saint Geneviève, um templo pequeno se comparado com a Notre Dame. Mas era exatamente ali que se rezava uma missa em honra da patrona de Paris. O cardeal da cidade realiza os ritos na nave lotada. Os cantos religiosos ressoam de ponta a ponta. Os fiéis sao de uma classe média que inclui parte da populaçao negra já integrada e aceita.
A todo 11 de janeiro, descubro depois, sai a procissao com o andor de Sainte Geneviève, precedido de estandartes e numerosos círios. O desfile desce pelas ruas do bairro e durante o trajeto as senhoras católicas carregam cestos com roscas. Tudo em memória da santa que distribuía pao aos pobres de Paris.
Como nao há famintos por ali, as rosquinhas sao consumidas pelos próprios romeiros ou pelos raros turistas que se encontram nas esquinas. No meio da multidao, eu mesmo provo dessas delícias.
Descobri um meio para me alimentar de graça. Nas próximas viagens levarei em conta o calendário das festas religiosas. Nada como a caridade crista para com os turistas.

Em tempo: por ironia, nao pude ilustrar com imagens a manifestaçao dos sans-papiers. Em compensaçao, fiz vários retratos da procissao. Eis alguns:








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