...como todas as cidades. Mas nao por muito tempo, pois o real sempre está por perto. Passados alguns dias pelas calles quadriculadas e acépticas da classe média, eis que se chega em casa.
O imenso calçadao, próximo das vielas antigas, também está cheio de turistas com seus casacos elegantes. É exatamente à espera deles que lá estao também os mesmos tipos que se vêm nas grandes cidades brasileiras: ambulantes, ladroes, prostitutas, drogados.
E aproveito para me corrigir: igualmente estao as lanchonetes de fast food, frequentadas por jóvens que nao gostam mais da variedade alimentar. Barcelona nao difere do pop global.
Os mesmos restaurantes chineses. As mesmas estátuas humanas da Praça da Sé: um casal deitado na cama, vestido de uma roupa tingida de cobre, como convém aos monumentos inertes, observado pelos passantes em busca da diversao exótica. A diferença é que, ao invés de se derreterem de calor, congelam a um grau. Outros pintam em público os discos de vinil, transformando-os nos mesmos relógios vendidos na Barao de Itapetininga.
Negros em grupo expoem suas bugigangas vindas da China. Nada de artesanato próprio. O oriente já dominou tanto a arte étnica popular quanto a arte industrial. O mundo é um único clichê.
O capitalismo-lumpem abrange ainda paquistaneses, romenos e colombianos. Apenas as caras mudam. E o fato de serem imigrantes. No Brasil, ele é feito de brasileiros de todas as regioes. No entanto já se abre agora aos africanos da costa atlântica e aos bolivianos. Índios e pretos como os daqui.
Num café, vi hoje um velho espanhol de boa aparência com a carteira cheia das grandes notas de euro. Salivei com vontade de tomá-la. Mim índio também quer dinheiro e civilizaçao. Invejei sem culpa.
Acontece que a crise anda brava nestas plagas, diferentemente do Brasil. Barcelona a oculta desde que foi reconfigurada para as olimpíadas. Mas ela também já chegou por aqui, garantem os taxistas. A ver.
Quando se fala em crise, sorrio como bom brasileiro neo-emergente. Exulto de patriotismo, apesar dos nossos patriotas e apátridas pobres das ruas.
Essa "sociedade ocidental" tem dessas. Esse pop global é o que mina o que resta de particularidade de cada povo, a identificação cultural deles! o mundo cai em cadafalso!
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