terça-feira, 26 de janeiro de 2010

São Paulo aos 456 anos: Kassab, a degradação

Definitivamente, a metrópole dos paulistas não tem tido muita sorte no que tange aos seus governantes das últimas décadas. Mas já passou, tempos atrás, por prefeitos empreendedores e modernos, que expressavam bem o espírito da burguesia cafeeira.
Diga-se lá o que se quiser dos seus modos e obras elitistas - e como historiador sou um dos que dizem -, eles deixaram registradas na história as marcas do orgulho regional: o Teatro Municipal, o Edifício Martinelli, o Anhangabau, o Museu Paulista, o Ibirapuera, a USP, o Monumento das Bandeiras... Washington Luís, presidente destronado da velha República oligárquica, foi um desses nomes mais expressivos. À altura de São Paulo - como falavam com empáfia os industriais e fazendeiros.
A cidade ainda mantinha seu charme na década de 1950, quando comemorou o quarto centenário, e continuava a ser administrada por membros da antiga elite. Enquanto isso, novas gerações de políticos arrivistas iniciavam suas carreiras. O histriônico Jânio Quadros, entre outros. Também o governo do Estado já não era mais controlado pelos velhos bacharéis. Estava nas mãos de figuras grosseiras e inescrupulosas, como Ademar de Barros. 
Anos 70. Maluf seria o inaugurador e o principal representante da safra recente de prefeitos eternamente carimbados com o selo da corrupção. Nomeado pelos generais da ditadura, deixou, igualmente, seus sinais impregnados na capital bandeirante. O mais sórdido deles é o Minhocão, que mesmo se um dia deixar de ser usado para a circulação de carros, deveria ser mantido de pé como memória da vilania.
Os governos de Luiza Erundina e Marta Suplicy foram intervalos de esperança numa sequência de desolação política. Com suas políticas sociais, ousaram ver além do horizonte elitista do passado remoto e dos interesses desavergonhados dos seus herdeiros. Mas foram vencidas por eles e por toda uma rede midiátia oportunista. Viriam Pita, o impoluto Serra e, finalmente, Kassab.
Aos 456 anos, São Paulo não merece um Kassab, ou melhor, Kassab não merece uma São Paulo. Cidade complexa demais para um anão político sem idéias ou propostas renovadoras, incapaz até de administrar o seu dia-a-dia. Basta ver o lixo espalhado pelas ruas, os sem-teto abandonados nos viadutos, os drogaditos em bandos pelo centro... basta. Kassab é a expressão mais acabada do que restou do oportunismo e da máquina clientelista dos demos, nada mais. Incapaz até mesmo de deixar um monumento que lembre o seu nome, mesmo que fosse um horrendo minhocão.

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