quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A san(t)idade dos insanos

Sempre aparece um maluco-beleza para nos tirar do prumo. E é preciso levá-los a sério, pois eles têm a capacidade de provocar o impensado. Alguns formam escolas, deixam herdeiros; a maioria dos outros permanece no escuro e só uns poucos deles vem à luz postumamente pelas mãos dos insanos do futuro.
Este que cito aqui já é um pouco conhecido em pequenos círculos institucionais, mas ainda conserva certo brilho maldito. Velho de guerra, pretende construir uma nova arquitetura teórica para explicar a subjetividade ou o psiquismo que distingue nossa espécie. E o interessante é que ele brasileiriza conceitos retirados de Freud e de Lacan num carnaval colorido e sensual. Pulsão, por exemplo, passa a ser tesão, palavra bem mais significativa e popular.
Ainda não vou dizer o seu nome para evitar juízos prevenidos. Aliás, não importam os nomes, mas sim as idéias. Ainda mais na época da boa pirataria em que vivemos. No próximo post darei mais detalhes sobre tal figura. Por enquanto, transcrevo um trecho da sua obra. Este é o cara:

"O movimento da Pulsão é de Haver para não-Haver. Isso esbarra e retorna e fica girando eternamente dentro do mesmo príncípio pulsional: Haver quer não-Haver, não consegue, retorna, continua a ser Haver querendo não-Haver, não consegue, retorna e continua...eternamente (...).
É claro que tudo muda aí dentro, mas há o vetor de Haver para não-Haver. Escrevi não-Haver do lado de fora, para nos orientarmos, é claro que de maneira um pouco tola, pois não há não-Haver lá fora, nem dentro nem em lugar algum. E, no movimento em que queremos vetorialmente alcançar o não-Haver, o que há entre o Haver e o não-Haver? O que acontece ai? Quando fazemos um esforço muito grande de aproximar o transcendente que não há, exasperamos todas as nossas condições. Pedimos por algo que esteja completamente fora e que possa reorganizar todas as nossas dores, prazeres, sabores, i.e., reorganizar e justificar o próprio empuxo da transcendência. Então, a coisa mais espontânea é que a humanidade, sem um teorema adequado - como este, por exemplo -, imaginasse esse lugar de exasperação e lá pusesse algo. Por isso escrevo ali: Há-Deus. Ou seja, podem tirar o cavalinho da chuva, pois não há nada ai - Adeus! (...) É a esse lugar de desistência da última instância favorável  que, quando estamos exasperados, podemos recorrer - e recorremos (na verdade, estamos recorrendo à nossa hiperdeterminação)...
Vivemos, assim, numa perene movimentação em Revirão. Tentamos tirar o pé da lama com o movimento de hiperdeterminação, que nos propicia algumas criações artísticas, poéticas, científicas, filosóficas, místicas, sendo esta a condição da nossa espécie".


Um comentário:

  1. A sã idade

    fiquei curioso agora.
    de quem é?

    é de Antonio Celso?

    Ha Deus
    hiperdeterminação
    diante do nada
    toda possibilidade

    é
    o santo
    o louco
    o palhaço
    são esses que levam a cabo algum humanidade

    pra ser são ha que se botar muito no lixo da consciencia
    se desligar muito da vida
    principalmente desse "Adeus!"

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