terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Paris está em chamas?

Última noite em Paris. Espírito histórico-antropológico, nao há como escapar de uma espécie de conclusao.
Cidade monumentalmente napoleônica, degoleônica. Arcotriunfalística, notredâmica, louvrescamente pirata.
Mas nao é a grande torre que vejo, e sim, as pequenas eifells dependuradas nos braços dos ambulantes negros. E nem o panthéon sagrado, mas o buda humano coberto de plástico dourado, tiritando de frio para as fotografias dos japoneses. 
Tampouco os bistrôs recheados de noveau-riches dandidecadentes, no seu lugar, o harlem de monmartre, a nigéria paquistanesa. Os sans-papiers.
Muito menos a monalisa minúscula diante da qual as famílias posam para seus albuns virtuais.
Vejo, isto sim, a paris da igualdade e da fraternidade congeladas, na expectativa de outro 1848, outro 1789, outro 1968. Da resistência e da ardência.
Por sinal, me veio à mente o título de um filme que vi muito tempo atrás, magnificamente roteirizado por figuras como Gore Vidal e Coppola, entre outros. Produzido em 1966,  conta a história dos últimos dias da ocupaçao alema e termina com a voz de um Hitler enlouquecido a gritar ao telefone, quando os aliados já ocupavam a cidade: Paris brule-t-il?



Um comentário:

  1. Celso, queria muitíssimo estar em Paris com vc. Iria me beneficiar das suas análises inspiradas, como sempre. Dandidecadente? AMEI!
    Mas iria tbm dizer que talvez esteja faltando um pouco de Josephine Baker, mon chère. J'ai deux amours...mon pays e Paris...
    Bises,
    Raquel

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